Exportações de carne bovina batem recorde
11 de agosto de 2025

As exportações de carne bovina atingiram um recorde em julho, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP). Em julho, foram exportadas 310,2 mil toneladas, 15,3% a mais que em junho e 4% acima do então recorde alcançado em outubro de 2024, de 298,24 mil toneladas (in natura e processada).
A receita também atingiu máxima histórica, de R$ 9,2 bilhões. Para os Estados Unidos, o volume exportado foi praticamente o mesmo de junho, 18.235 toneladas – aumento mensal de 2 toneladas –, mas a participação do país no total das vendas brasileiras baixou de 6,8% em junho para 5,9% em julho. A China aumentou a participação de 50% para 51,1% do total, elevando em 14,8% (ou 23.952 toneladas) o volume de um mês para outro.
Tarifaço dos EUA
Os resultados correspondem a período que antecede a entrada em vigor da sanção tarifária de 50% imposta pelo presidente americano, Donald Trump, sobre embarques brasileiros para os Estados Unidos. A medida entrou em vigor nesta quarta-feira, 6, mesma data na qual os dados das exportações foram confirmados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (NESPro), o professor Júlio Barcellos destaca que o México, que passou a integrar em 2025 o grupo de países destinatários da carne brasileira, “começa a pesar no valor médio” da proteína embarcada. No entanto, “o grande diferencial, foi a questão dos Estados Unidos que passaram a pagar mais, levar mais carne brasileira. Isso reflete no preço médio exportado comparando com os demais países”, acrescenta Barcellos.
Dificuldades previstas
Os resultados oferecem ainda o indicativo de que o mercado americano previa “algum tipo de taxação e dificuldades na importação de carne”, desde que Trum anunciou o primeiro tarifaço, de 10%, em abril.
“Os importadores americanos passaram a aumentar lentamente seus contratos e agilizar desembargos aduaneiros. Eles fizeram contratos não no mês de julho, mas, geralmente, 60 dias antes para um fornecimento”, afirma o professor.
Barcellos e pesquisadores do Cepea indicam que outros destinos ampliaram as compras. Conforme os técnicos, os resultados de julho mostram que, em resposta à imposição da tarifa norte-americana, as indústrias exportadoras nacionais se movimentaram e obtiveram êxito nos esforços para intensificar vendas a outros destinos. Conforme o Cepea, algumas empresas devem realocar a relação comercial com os EUA para unidades em países não impactados pela alta tarifa.
O coordenador do NESPro avalia que a taxação estimulou um movimento internacional para assegurar abastecimento e preço. Além do México, o professor cita, como exemplos, o Egito e os Emirados Árabes.
“Outros países também começaram a perceber esse grande movimento, até mesmo por uma preocupação de que houvesse reposicionamento de outros fornecedores para os Estados Unidos e que aumentassem seus preços de forma global. Esses países procuraram travar alguma negociação com o Brasil, como é o caso do México, para comprar mais carne”, explica Barcellos.
O indicador de preços do boi gordo do Cepea aponta alta de 3,72% no valor da arroba nos sete primeiros dias de agosto. A cotação passou de R$ 294,35, vigente desde o dia 31 de julho, para R$ 305,30.
Fonte: Correio do Povo