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Telescópio Webb registra planeta sendo engolido por uma estrela

Tecnologia

12 de abril de 2025

Telescópio Webb registra planeta sendo engolido por uma estrela
Observações mostram que a órbita do planeta encolheu ao longo do tempo, aproximando-o lentamente de sua extinção até ser completamente engolido
Foto: NASA, ESA, CSA, R. Crawford (STScI)

Em maio de 2020, astrônomos observaram pela primeira vez um planeta sendo engolido por sua estrela hospedeira. Com base nos dados da época, acreditava-se que o corpo havia encontrado seu fim quando a estrela se expandiu no final de sua vida, tornando-se o que se chama de gigante vermelha.

No entanto, novas observações feitas pelo Telescópio Espacial James Webb — uma espécie de exame pós-morte — indicam que o fim do planeta ocorreu de forma diferente do que se pensava. Em vez de a estrela ter vindo até o planeta, parece que foi ele que mergulhou em direção à estrela, com consequências desastrosas — uma queda fatal provocada pela lenta deterioração de sua órbita ao longo do tempo, segundo os pesquisadores.

O desfecho foi bastante dramático, como evidenciado pelos vestígios documentados pelo Webb. O telescópio orbital, lançado em 2021 e operacional desde 2022, observou gás quente provavelmente formando um anel ao redor da estrela após o evento, além de uma nuvem em expansão de poeira fria envolvendo a cena.

“Sabemos que uma boa quantidade de material da estrela é expelida quando o planeta passa por esse mergulho fatal. A evidência posterior é esse material empoeirado que foi ejetado da estrela hospedeira”, explicou o astrônomo Ryan Lau, do NOIRLab da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, autor principal do estudo publicado no Astrophysical Journal.

A estrela está localizada em nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 12 mil anos-luz da Terra, na direção da constelação da Águia (Aquila). Um ano-luz é a distância que a luz percorre em um ano: 9,5 trilhões de quilômetros. A estrela é um pouco mais avermelhada e menos luminosa que o nosso Sol, com cerca de 70% de sua massa.

Acredita-se que o planeta pertencia à classe dos “Júpiteres quentes” — gigantes gasosos com temperaturas elevadas devido à órbita extremamente próxima de suas estrelas hospedeiras.

“Acreditamos que provavelmente era um planeta gigante, com pelo menos algumas vezes a massa de Júpiter, para causar uma perturbação tão dramática na estrela como a que estamos observando”, disse o coautor do estudo, Morgan MacLeod, pesquisador do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica.

Júpiter é o maior planeta do nosso sistema solar.

Os pesquisadores acreditam que a órbita do planeta se deteriorou gradualmente devido à interação gravitacional com a estrela, e formularam hipóteses sobre o que aconteceu a seguir.

“Então ele começa a roçar na atmosfera da estrela. A partir desse ponto, a resistência do choque contra a atmosfera estelar assume o controle, e o planeta passa a cair cada vez mais rapidamente em direção à estrela”, explicou MacLeod.

“O planeta tanto mergulha para o interior quanto tem suas camadas gasosas externas arrancadas conforme avança para dentro da estrela. Ao longo do caminho, esse impacto aquece e expulsa gás estelar, o que gera a luz que vemos, além do gás, da poeira e das moléculas que agora cercam a estrela”, acrescentou ele.

Mas os cientistas não podem ter certeza absoluta dos eventos exatos que levaram à destruição do planeta.

“Neste caso, vimos como o mergulho do planeta afetou a estrela, mas não sabemos realmente o que aconteceu com o planeta em si. Na astronomia, há muitas coisas grandes demais e distantes demais para fazer experimentos. Não dá para ir até o laboratório e colidir uma estrela com um planeta – isso seria diabólico. Mas podemos tentar reconstruir o que ocorreu com modelos computacionais”, comentou MacLeod.

Nenhum dos planetas do nosso sistema solar está próximo o suficiente do Sol para que suas órbitas entrem em colapso, como aconteceu nesse caso. Mas isso não significa que o Sol não possa engolir alguns deles no futuro.

Dentro de cerca de cinco bilhões de anos, espera-se que o Sol se expanda durante sua fase de gigante vermelha, podendo engolir os planetas mais internos, como Mercúrio e Vênus — e talvez até a Terra. Nessa fase, a estrela expulsa suas camadas externas, restando apenas um núcleo: um remanescente estelar conhecido como anã branca.

As novas observações do Webb estão oferecendo pistas sobre o destino final dos planetas.

“Nossas observações sugerem que talvez os planetas tenham mais chances de encontrar seu fim final espiralando lentamente em direção à estrela hospedeira, em vez de serem engolidos quando a estrela se torna uma gigante vermelha. Nosso sistema solar parece ser relativamente estável, então só precisamos nos preocupar com o Sol se tornando uma gigante vermelha e nos engolindo”, disse Lau.

Fonte: CNN