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Médicos anunciam sétimo caso de cura do HIV

por Daiane Giesen
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O sétimo caso de remissão sustentada do HIV foi anunciado nesta quinta-feira (18). O paciente, um alemão de 60 anos, não apresenta mais vestígios do HIV em seu corpo após um transplante de medula óssea. A informação foi divulgada em uma pesquisa antes da 25ª conferência internacional sobre a AIDS, que ocorre na próxima semana.

Apelidado de “novo paciente de Berlim”, em referência ao primeiro “paciente de Berlim”, Timothy Ray Brown, diagnosticado com o vírus em 2009, o alemão recebeu um transplante de medula óssea para tratar a leucemia em 2015 e interrompeu o tratamento antirretroviral no final de 2018. Quase seis anos depois, ele não possui carga viral detectável, conforme os pesquisadores.

Ricardo Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o termo “cura” não é o mais indicado atualmente. O correto seria “remissão sustentada do HIV sem antirretrovirais”. Diaz afirma que, em algumas pessoas, há evidências fortes de que o vírus não existe mais. Para isso, é necessário esperar pelo menos dois anos para verificar se o HIV não voltou sem os antirretrovirais e se há uma tendência progressiva de diminuição dos anticorpos detectáveis para o vírus.

Suspender o tratamento com antirretrovirais é um procedimento arriscado, pois interrompe a ação que impede a multiplicação do vírus no organismo. Diaz ressalta que os instrumentos para monitorar essa remissão ainda são limitados.

Todos os outros pacientes, com exceção de um, receberam células-tronco de doadores de medula óssea com uma mutação rara no gene CCR5, que impede a entrada do HIV nas células. Os doadores dos casos anteriores eram pessoas que herdaram duas cópias do gene mutante, tornando-os praticamente imunes ao HIV. O novo paciente de Berlim é o primeiro a receber células-tronco de um doador com apenas uma cópia, o que aumenta a esperança de encontrar mais doadores em potencial.

Além desses casos, uma argentina de 30 anos e uma americana de 67 anos se destacam como “controladoras de elite” do HIV – pessoas capazes de obter uma “cura funcional” do vírus sem medicamentos. A terapia antirretroviral visa “acordar” o vírus latente nas células e eliminá-lo, uma estratégia chamada “shock and kill”.

A remissão sustentada do HIV, segundo Diaz, pode ser classificada como “cura esterilizante”, embora esse termo não seja amplamente aceito. Ele enfatiza a importância de acompanhar esses pacientes continuamente para confirmar a ausência definitiva do vírus.

A descoberta desses casos oferece novas perspectivas e esperanças na luta contra o HIV, mas os especialistas alertam que ainda há um longo caminho a percorrer para a cura definitiva e universal da doença.

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