A revista Forbes chamou a atenção do agronegócio para uma importante questão ao divulgar uma lista com 100 mulheres doutoras do agro. A instituição provocou a reflexão sobre a importância das mulheres pesquisadoras do ramo e como isso contribui para o avanço da produção agrícola no Brasil.
Entre as listadas está a responsável de qualidade do laboratório da Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) da Cotrijal, Fernanda da Motta Xavier. “É um reconhecimento importante e muito gratificante. Essa lista contribui para a valorização das mulheres no agro, pois desde a graduação sempre senti uma certa discriminação por ser mulher estudando agronomia. Tudo o que aprendi nas pesquisas contribui para que eu possa fazer a diferença no setor hoje, independente de meu gênero”, comenta a homenageada.
A lista foi levantada pela Forbes, por meio de uma curadoria interna da revista e checagem das informações acadêmicas das doutoras na plataforma Lattes – sistema de currículos criado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Brasil.
A semente do conhecimento
Natural de Pelotas (RS), neta de pequenos produtores e com irmãos que também seguiram na pós-graduação, Fernanda conta que o apoio da mãe foi essencial para avançar nos estudos acadêmicos. Além disso, o objetivo de transformar conhecimento teórico em aplicações práticas que beneficiassem os agricultores sempre fez parte do cotidiano dela enquanto pesquisadora.
“Desde a faculdade a produção de sementes chamou minha atenção. Por incentivo da minha família, eu segui para a pós-graduação, onde me especializei no controle de qualidade de sementes e adquiri muitos aprendizados que contribuem para meu trabalho hoje”, explica.
Fernanda se formou em Agronomia no ano de 2014 pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Pela mesma instituição ela se tornou Mestre e Doutora em Ciência e Tecnologia de Sementes, em 2016 e 2021 respectivamente.
A especialista é responsável por uma pesquisa pioneira no Brasil sobre adaptação metodológica de testes de germinação em sementes tratadas de soja e arroz. Hoje, no laboratório de análise de sementes da UBS da Cotrijal em Não-Me-Toque, ela aplica esse conhecimento ao realizar testes em diferentes cultivares de soja, trigo, triticale e cevada.
A cooperativa conta com mais de 16 mil associados distribuídos em 53 municípios gaúchos. As sementes comercializadas pela Cotrijal são multiplicadas por cerca de 50 produtores do seu quadro social em diferentes regiões do estado. Além do laboratório de análises, a UBS conta com estrutura moderna de beneficiamento e tratamento industrial de sementes.
Incentivo ao aperfeiçoamento
Além de Fernanda, a Cotrijal conta com outros quatro doutores em seu quadro de colaboradores, totalizando três mulheres e dois homens com doutoramento completo. A cooperativa disponibiliza bolsa de estudos para os colaboradores que buscam cursar graduação ou pós-graduação relacionados ao cargo ocupado pelo profissional. Anualmente o valor investido pela Cotrijal nesse apoio é de R$ 200 mil.