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Abelhas retornam ao berço da apicultura do RS em ação para reconstruir o setor

Sem recursos públicos, Fargs inicia trabalho para produzir rainhas e princesas no Parque Apícola de Taquari

por Daiane Giesen
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A Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs) instalou caixas de abelhas no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Apicultura (Ceapis) Emílio Schenk – área também conhecida como Parque Apícola de Taquari. Sem apoio financeiro do poder público, o trabalho no espaço onde começou a apicultura gaúcha, pelas mãos do professor e fundador Schenk, é uma tentativa de recomeçar a atividade, para produzir e entregar rainhas, cúpulas e princesas aos apicultores que sofreram o extermínio de abelhas nas cheias de maio. Além de afetar a produção de mel, a falta de polinizadores deve impactar a produção agropecuária gaúcha.

“Em um momento de tantas dificuldades, em que não temos recursos para nada, estamos nos reinstalando no berço da atividade, com retorno de caixas no local eram feitas as rainhas de todo o Estado”, diz o presidente da Câmara Setorial da Apicultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Patric Luderitz, que é vice-presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs).

“Estamos reconstruindo com muita dificuldades financeiras o parque. Precisávamos de ajuda, mas não está vindo de lugar nenhum”, frisa Luderitz.

Um relatório técnico orientativo produzido por Embrapa Meio Ambiente, Observatório de Abelhas do Brasil, Associação Brasileira de Estudo das Abelhas e Fargs indica que a perda mais de 21 mil colmeias no no Rio Grande do Sul devido ao desastre climático evidenciam a vulnerabilidade do setor frente às mudanças climáticas e “sublinha a urgência de medidas, que abrangem ações de curto, médio e longo prazo, eficazes para proteger as abelhas e, consequentemente, a agricultura e o ecossistema em geral”.

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O estudo recomenda, no curto prazo, ser crucial focar na recuperação imediata do setor, com medidas como a recomposição do plantel de abelhas e o fornecimento de novas caixas e alimentação suplementar, além de suprimentos essenciais que ajudem os apicultores a retomarem as atividades. Para médio e longo prazos, o estudo aponta ser fundamental o apoio financeiro, com criação de linhas de crédito, um seguro rural apícola, e um fundo de emergência para apicultores. Ao reinserir caixas no parque de Taquari, a Fargs executa ações de curto prazo, mas não tem obtido apoio financeiro dos governos. ”Estamos lutando em prol da reconstrução do nosso Estado, mas até agora ainda não vieram recursos”, reforça Luderitz.

As ações no parque apícola de Taquari envolvem o plantio de pasto apícola (ervilhaca), que logo estará florindo para fornecer pólen e néctar às abelhas. “Em seis meses já conseguimos fazer uma revolução, mas precisamos de auxílio. A quantidade e a qualidade vai depender de recursos, sem isso não se consegue alimentar as caixas, fazer crescer os enxames, para poder fazer os núcleos, rainhas e princesas”, afirma. A casa da rainha dentro do parque foi reconstruída em parceria e doação da Cooperativa Regional de Energia Taquari Jacuí – Certaja Energia.

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Conforme Luderitz, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou não ter recursos para apoiar o setor. Em nota, a Seapi destacou o acordo de cooperação assinado em dezembro de 2023 com a Fargs, pelo qual a entidade faz o uso compartilhado de parte da área do Ceapis, sem custos financeiros, para o cultivo agrícola, produção de abelhas e pesquisas. A secretaria informou que não tem previsão de auxílio financeiro. “A utilização da área do centro de pesquisa é uma forma de apoio ao setor”, afirmou a Seapi, em nota.

O Parque Apícola

O Parque Apícola de Taquari tem 465 hectares, na localidade de Linha Arroio Fonte Grande, e abriga construções centenárias que testemunharam o trabalho de gerações de apicultores da região. O espaço leva o nome do professor Emílio Schenk, imigrante alemão que chegou a Porto Alegre em 1900 e foi o responsável técnico pela instalação do primeiro Apiário Didático do Instituto Borges de Medeiros (Faculdade de Agronomia e Veterinária), o que impulsionou a atividade apícola em todo sul do Brasil.

Schenk é o fundador do Parque Apícola de Taquari e autor do livro “O Apicultor Brasileiro”, que chegou à 8ª edição em 1945, ano do seu falecimento. O professor também foi homenageado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que inaugurou na Faculdade de Agronomia o Auditório de Apicultura Professor Emílio Schenk. No parque de Taquari, 11 casas foram construídas à época da fundação para abrigar a administração, casa do mel, laboratório de pesquisa genética de rainhas e almoxarifado, entre outras atividades. Atualmente, funcionam laboratórios de apicultura e citrus.

 

Fonte: Correio do Povo

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