Setor leiteiro quer rapidez para resolver crise
03 de novembro de 2025
								
											Nos dias 11 (Teutônia), 13 (Casca), 18 (Palmitinho) e 19 (Santo Cristo) de novembro, por iniciativa da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), entes da cadeia leiteira estadual vão se reunir em seminários para tentar encontrar uma solução que amenize a profunda crise que está sendo vivida pelo setor, no Brasil e no Estado. De acordo com o vice-presidente da Fetag, Eugênio Zanetti, é necessária a adoção de medidas urgentes para socorrer o produtor de leite, entre elas a fiscalização mais intensiva da quantidade de leite que está sendo importada de países do Mercosul.
Segundo o dirigente, no mês de setembro, a importação de leite em pó pelo Brasil bateu as 190 mil toneladas, 40 mil toneladas a mais do que o volume médio que vinha sendo importado nos meses anteriores. Zanetti ressalta que em muitas regiões o produtor está recebendo abaixo de R$ 2 pelo litro do leite.
“Quando o próprio Cepea/Esalq/USP já apontou que o custo por litro está em pelo menos R$ 2,28”, disse.
O vice-presidente destaca, ainda, que o problema do endividamento rural persiste, que muitos produtores de leite estão com dificuldades de acessar financiamentos e que instituições financeiras estão pedindo a alienação fiduciária (colocação da propriedade como garantia para liberar recursos). “É uma pá de cal sobre o produtor”, reage, ao lembrar que aqueles que obtém crédito tem sido via recursos livres, com juros de até 20% ao ano.
Além das questões de importação e endividamento, Zanetti observa que neste ano o setor viveu um aumento de produção, de 9% no Brasil e 12% no Rio Grande do Sul, o que fez o preço do litro do leite perder, no Estado, R$ 0,60 entre maio e agosto, período em que historicamente o valor sobe.
As perspectivas, avalia o dirigente, não são boas para os próximos meses, com a chegada do calor, as férias escolares e uma esperada queda no consumo. “É uma situação desesperadora”, admite.
Trabalhando em outra frente, o grupo formado pela Fetraf-RS, Unicafes, MST e MPA participou de uma reunião com Vanderley Ziger, Secretário Nacional de Agricultura Familiar e Agroecologia do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), para tratar também da crise leiteira.
Na ocasião, as entidades reapresentaram o cenário preocupante com a redução do preço pago ao produtor pelo litro do leite nos últimos meses e a temor com o indicativo de que deve haver novas quedas. Os líderes cobraram do secretário mais celeridade no cumprimento das reivindicações dos agricultores familiares, que são: diminuição da importação e aumento da fiscalização sobre as empresas importadoras; investimento em acompanhamento técnico para construção de um modelo de produção sustentável e de baixo custo; ampliação das compras públicas e estímulo ao consumo interno; e disponibilidade de crédito e aumento do valor mínimo de referência do leite no Programa de Garantia de Preço da Agricultura Familiar (PGPAF).
Fonte: Correio do Povo