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Aprosoja contesta projeção da safra gaúcha pela Conab

Agro

17 de outubro de 2025

Aprosoja contesta projeção da safra gaúcha pela Conab
Muitos produtores vão utilizar menos tecnologia nas lavouras em razão da dificuldade de acesso a crédito e aos juros alto
Foto : RTC / Divulgação

A principal entidade representativa da sojicultura gaúcha, a Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), questiona as projeções da Conab divulgadas nesta semana sobre uma a maior área e a grande safra do grão a caminho em 2025/2026. Segundo a instituição estatal, a extensão de terra destinada à oleaginosa deverá crescer 1% sobre o ciclo anterior, para 7,2 milhões de hectares, a produtividade atingir 3.129 quilos/hectare, alta de 33,6%, e a produção chegar a 22,4 milhões de toneladas, crescimento de 34,9%. A safra anterior foi bastante comprometida pela estiagem.

“A Conab está totalmente errada. Nós vamos ter diminuição de área, porque vai ficar muita área sem plantar em várias regiões do Estado, principalmente na Metade Sul”, avalia o presidente da Aprosoja/RS, Ireneu Orth.

Conforme ele, na região mencionada, com a maioria das lavouras cultivadas em arrentamento, muitos arrendatários optaram por não plantar a próxima safra. “Em muitas situações o arrendatário já abandonou a área, já devolveu para o proprietário. E outros, os proprietários, não têm dinheiro e não vão conseguir crédito”, afirma.

Já em outras regiões, muitos produtores vão reduzir os usos de tecnologias, visto a conjuntura econômica desfavorável, como a dificuldade de acesso a crédito e/ou os juros altos. “Alguns deverão plantar sem adubação, sem tecnologia nenhuma, porque insumos não são somente adubos e sementes, também fúngicos e coberturas que se pode fazer nas lavouras para se chegar a um alto grau de produtividade”, descreve. E em outros locais do Estado, como Alto Jacuí e em Passo Fundo, menciona Orth, as lavouras serão “normais, boas”, define. Ou seja, cultivadas com as tecnologias necessárias e que vão gerar altas produtividades.

Colheita maior

Mesmo assim, visto a previsão de clima favorável, a produção esperada é alta. “De fato, vamos colher muito mais que no ano passado, que foi um caos total, com 13 milhões de toneladas”, avalia. “Seria o ideal, seria ótimo colher isso, mas mesmo com o clima normal, pela maneira como vai ser plantada a lavoura, dificilmente vamos chegar a isso. Porque além da diminuição de área a se plantar, vai ter muita lavoura com pouca tecnologia, pouco adubo, pouco insumo”, afirma.

“Então vamos ter lavouras abandonadas, lavouras com pouca tecnologia e lavouras normais, boas”, projeta. “O principal de tudo é a natureza. Temos que torcer para chover. Chovendo normal, vamos chegar nesta situação”.

O dirigente lembra ainda que muitos produtores se mostram animados para a próxima safra, porque já estão colhendo os cultivos de inverno, trigo, principalmente, além de canola e aveia, com boas produções. “E isso dá um pouco de ânimo, embora o preço do trigo esteja abaixo de crítica, muito baixo”, conta.

“Mas tem muita gente, não saberia dizer o percentual, que está nesta situação. Uns que não plantaram nenhuma cultura de inverno, que poderia dar algum resultado, outros, por não terem os recursos e não compraram ainda os insumos para a soja e, se comprarem, vão aplicar uma quantia provavelmente menor do que seria o ideal”.

Da mesma forma, na safra de verão há cultivos de milho já com 20 a 30 centímetros de altura em bom desenvolvimento, visto a aplicação de adubação nitrogenada adequada agronomicamente. O plantio da soja ainda não foi iniciado. Por tudo isso, Orth entende não ser possível fazer hoje uma previsão de safra.

Financiamentos difíceis

“Qualquer número que alguém disser, é chute. Mas imagino que possamos chegar a 20 milhões, talvez 21 milhões de toneladas. Se chegar a mais do que isso, olhando a agricultura neste momento, é lucro, é alegria”, considera. “Eu torço para que eu esteja errado, que a lavoura total colhida dê mais do que isso. Mas, como agricultor, tenho que ser realista”.

Além de todas as circunstâncias relatadas, Orth acrescenta o atraso nas liberações de financiamentos, sendo que muitos produtores nem sequer obtiveram acesso aos recursos. E as exigências das instituições para liberar os recursos é “um absurdo total”, diz, como exigir hipoteca de patrimônio para o financiamento ou alienação fiduciária da lavoura. “Isso nunca aconteceu no passado. E vai ter gente que vai se assustar, é capaz de não fazer financiamento para não se enrolar”, entende.

Por isso, em relação a área destinada à soja, Orth prefere a estimativa da Emater/RS-Ascar, de 6,74 milhões de hectares, ou seja, uma diferença de aproximadamente 500 mil hectares a menos. A instituição gaúcha ainda prevê a produção de 21,440 milhões de toneladas, 1 milhão a menos que a Conab.

Fonte: Correio do Povo