Direção da Farsul avalia Expointer e cenário rural gaúcho
08 de setembro de 2025

Poucas horas antes do encerramento da 48ª Expointer, a Farsul realizou o tradicional almoço da entidade com a imprensa. O evento ocorreu na Casa da entidade no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, aproveitou a oportunidade para se despedir dos profissionais de comunicação que acompanham o setor. Gedeão conclui sua gestão em dezembro. “Foram oito anos à frente da principal entidade de defesa do agro gaúcho. Foram anos muito bons em minha vida”, disse Gedeão, agradecendo o apoio e a atenção recebida.
No encontro, foram examinados temas como a liberação, pelo governo federal, de R$ 12 bilhões em auxílio a produtores rurais atingidos por eventos climáticos extremos, a situação das principais culturas agropecuárias do Estado e o tarifaço determinado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre as exportações brasileiras.
“A Expointer, a cada ano que passa, é melhor”, disse Gedeão, salientando que, neste ano, para além dos problemas econômicos e financeiros que afetam o agro gaúcho, a feira se caracterizou pelas melhorias implementadas no parque.
Além disso, o presidente lembrou o retorno dos serviços do Trensurb e do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Em 2024, em razão da enchente, os dois modais de transporte estavam com as operações interrompidas durante o período da Expointer. Gedeão destacou a presença de delegações de Argentina, Chile e Paraguai em eventos promovidos pela Farsul e do presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins.
Respondendo a perguntas de jornalistas, o dirigente afirmou que uma das lições desta Expointer está relacionada à diversidade de culturas, como estratégia para manutenção de ganhos nas propriedades rurais. “Temos uma crise muito forte no sistema orizícola. A soja não está lá essas coisas. Em contrapartida, o patinho feio virou um cisne bonito. A pecuária vai muito bem”, afirmou Gedeão, descrevendo um cenário oposto ao registrado em 2024, quando os dois grãos estavam com ótimo rendimento e a pecuária amargava preços baixos. Gedeão salientou a abertura de novos mercados para o setor, como o Japão. “Temos as raças britânicas, mas afeitas ao paladar japonês.”
O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, complementou a abordagem. De acordo com Da Luz, os fenômenos climáticos que atingem a agricultura do Rio Grande do Sul desde 2022 deixam a colheita como preocupação, e não a área dedicada às lavouras. “Não estamos preocupados com o que vai ser plantado, mas com o que será colhido”, afirmou. Outro aspecto que angustia os produtores é a questão do crédito.
Gedeão avaliou como uma boa iniciativa a medida provisória assinada ontem pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, liberando R$ 12 bilhões para produtores rurais atingidos pelos extremos climáticos. O valor, no entanto, é insuficiente para a demanda que é, de acordo com levantamentos da Farsul, de R$ 27 bilhões.
Conforme Da Luz, só para o atendimento do que seria necessário para os agropecuaristas gaúchos, dentro dos limites determinados pela medida provisória (que contempla ruralistas de todo o país), seriam necessários pelo menos R$ 18 bilhões. “Vai faltar, portanto, R$ 6 bilhões”, disse o economista. Da Luz, no entanto, afirmou que o governo deverá abrir uma segunda linha de crédito.
A nova linha, conforme o economista, deverá autorizar agentes financeiros a realizar operações com recursos provenientes, principalmente, de investimentos em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). As eventuais concessões de empréstimo e financiamento serão realizadas com juros livres. “O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) mais alguma coisa”, prevê Da Luz sobre a taxa a ser aplicada.
O diretor vice-presidente, Domingos Lopes Velho, celebrou a instituição de pagamentos por serviços ambientais, pelo governo do Estado, em favor de orizicultores gaúchos. A destinação de R$ 6 milhões para a iniciativa foi anunciada pelo governador Eduardo Leite nesta edição da Expointer. “Devemos trabalhar a questão ambiental e a questão produtiva como complementares, e não como competitivas. Essa é a única forma de assegurar a preservação ambiental”, afirmou.
O superintendente do Senar, Eduardo Condorelli, previu, para o primeiro trimestre de 2026, a inauguração do Centro de Formação da entidade, em Hulha Negra. Também houve o estabelecimento de uma parceria com a John Deere para fornecimento de um portfólio de máquinas de mais de R$ 10 milhões. “Poucos lugares do planeta terão uma estrutura como essa para formação de profissionais”, disse.
O Diretor Administrativo, Francisco Schardong, comentou o bom momento da pecuária e avaliou a possibilidade de o governo federal promover prejuízos à orizicultura gaúcha com a realização de leilões para compra do grão, por meio de contratos de opção. “Os leilões podem ser um remédio amargo ou um remédio bom. No momento, tudo indica que será um remédio amargo”, disse.
Gedeão salientou a importância da regulação de preços por meio do mercado. Da Luz explicou que as entidades do setor, neste momento, estão recomendando a redução da área prevista para a lavoura, baixando a produção para recuperação de cotações. Com os leilões, o governo estaria estimulando o oposto.
Examinando a situação do seguro rural no país, o vice-presidente Elmar Konrad afirmou que, na prática, a ferramenta deixou de existir há muito tempo. Conforme Konrad, a esperança no segmento é representada pelo projeto de lei nº 2951, da senadora Tereza Cristina (PP-MS), que moderniza e fortalece a garantia no Brasil. “É a luz no fim do túnel”, disse.
Fonte: Assessoria de Comunicação Farsul