Cultivo da canola favorece apicultura
04 de agosto de 2025

Cultura que tem registrado crescimento expressivo na área dedicada, a canola também favorece a apicultura gaúcha. A contribuição ocorre principalmente em períodos de escassez de floradas, nos quais a atividade do inseto está reduzida, como se verifica no inverno.
Nos dias frios da estação no Rio Grande do Sul, o campo de flores amarelas da oleaginosa é garantia de alimento para as abelhas. As operárias, por sua vez, contribuem para a polinização cruzada das plantas, facilitando a fixação das flores e elevando a produtividade final.
O processo envolve a chamada apicultura migratória. Produtores profissionais transferem colmeias para áreas próximas às lavouras da brássica. Neste período do ano, a canola está iniciando a fase de floração. Também são utilizadas floradas de nabo forrageiro.
Alencar Rugeri, engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, salienta que essa bem-sucedida sinergia ocorre em um momento em que o campo busca, cada vez mais, soluções sustentáveis e integradas. Conforme Rugeri, estudos indicam que a presença de abelhas na lavoura resulta em “ganho de rendimento e de uniformidade”.
De acordo com o engenheiro, a cultura de canola é a que mais se expandiu no Estado considerando a extensão da semeadura. Em 2024, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Canola (Abrascanola) foram 179 mil hectares. Para 2025, a área projetada pela associação é 20% maior, atingindo 215 mil hectares. Para a Emater, a extensão da área deste ano é 203 mil hectares, com produtividade de 1.737 quilos por hectare.
Santa Rosa
A região de Santa Rosa, no Noroeste do RS, é destacada por Rugeri na produção de canola. O município também tem desempenho expressivo no cultivo da principal oleaginosa da agricultura brasileira, a soja.
De acordo com o Informativo Conuntural da Emater, até o dia 31 de julho, a lavoura da canola em Santa Rosa apresentava 53% dos cultivos em fase de desenvolvimento vegetativo, 38% em floração e 9% em enchimento de grãos.
Os percentuais são mais avançados do que os do Estado, com 74% da área ainda em fase vegetativa, 22% em floração e 4% em formação de silíquas.
Os números da Abrascanola, novamente, diferem daqueles da Emater. O presidente da entidade, Vantuir Scarantti, afirma que, no Estado, 58% da área está em fase vegetativa, 35% em início de floração, 5% em final de floração e 2% em pré-colheita.
O dirigente disse que, em julho, as chuvas impactaram bastante o desenvolvimento da cultura, mas, a partir da segunda quinzena do mês, as condições climáticas melhoraram. “As chuvas deram uma recuada e isso é importante para os produtores conseguirem fazer os manejos, controles de azevém, aplicar inseticidas e fungicidas”, explicou.
Scarantti acrescentou que a integração entre a apicultura e a lavoura de canola ocorre em regiões nas quais a lavoura está mais desenvolvida. O presidente da Abrascanola disse ainda que o Rio Grande do Sul possui um dos projetos mais completos de polinização assistida do Brasil, contemplando uma área de cerca de 4 mil hectares.
Fonte: Correio do Povo