5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente debate soluções para os próximos 10 anos
27 de maio de 2025

Brasília sediou, de 6 a 9 de maio, a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, reunindo representantes de todo o país para discutir políticas públicas voltadas à proteção ambiental e ao enfrentamento das mudanças climáticas. O evento marcou a retomada deste espaço de diálogo social, que não era realizado desde 2013.
Com o tema “Emergência Climática e o Desafio da Transformação Ecológica”, a conferência foi organizada em cinco eixos principais:
- Mitigação
- Adaptação e Preparação para Desastres
- Justiça Climática
- Transformação Ecológica
- Governança e Educação Ambiental
As propostas debatidas foram construídas previamente em encontros realizados em todo o país.
Representação gaúcha na conferência
O CEO da Védera e presidente do Encontro Abelheiro, César Sousa, representou a Farsul e o Sindicato Rural de Carazinho no evento. Em entrevista ao Grupo Ceres, César destacou a importância da participação do setor produtivo nas discussões ambientais:
“Nós, que criamos abelhas, buscamos sempre conectar a agricultura com o meio ambiente, que não é um setor separado, mas um todo. É fundamental equilibrar produção e conservação”, explicou.
César lembrou que sua participação nacional teve início na Conferência Estadual do Meio Ambiente, realizada durante a Expodireto Cotrijal, onde foram debatidos temas como agricultura sustentável, pecuária regenerativa e o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
“O produtor tem áreas de preservação permanente (APP) em suas propriedades, não pode explorá-las, mas ainda paga impostos sobre elas. Entendemos que isso é injusto. Por isso, defendemos o PSA: que quem conserva, seja remunerado por isso”, reforçou.
Cadeia das abelhas e sustentabilidade
Outro ponto de destaque para César foi o papel estratégico das abelhas na sustentabilidade e no combate às mudanças climáticas:
“A cadeia produtiva das abelhas precisa ter mais protagonismo. A polinização melhora a produtividade agrícola, como vimos recentemente no arroz, com aumento médio de 14%. Além disso, sua presença nas lavouras pode ajudar a neutralizar até 20% das emissões de CO₂”, enfatizou.
O protagonismo brasileiro nas políticas ambientais
César ressaltou a importância da participação do setor produtivo nas discussões que podem moldar as políticas ambientais do Brasil para os próximos anos:
“Se não participarmos, outras versões da nossa realidade ganham notoriedade. É essencial estarmos presentes, levando nossas pautas, como o Bioma Pampa, que muitas vezes fica fora do foco nacional”, destacou.
A conferência resultará em um relatório nacional, que servirá de base para novas políticas públicas nos próximos 2, 3, 5 e até 10 anos, e será levado para a COP 30, que acontece ainda este ano no Brasil.
“É uma oportunidade única de contribuir, defender nossos interesses e garantir que nossas demandas sejam contempladas. Não adianta reclamar depois, precisamos estar onde as decisões são feitas”, concluiu.
A delegação gaúcha contou com cerca de 52 representantes de diversos setores, incluindo a Farsul, Fiergs e outras entidades.