Governo avalia prazo para rolagem de dívida
28 de abril de 2025

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva, tem esperança de obter, nesta terça-feira, 29, em novo encontro em Brasília, uma proposta do governo federal para a prorrogação da dívida dos produtores rurais do Estado. A sugestão incluiria um prazo menor do que os 20 anos da securitização, solicitado pelo agro gaúcho.
Em agenda com agropecuaristas no dia 23, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rejeitou a securitização. Haddad também negou concessão de crédito de R$ 27 bilhões.
O ministro lembrou que os bancos estão autorizados a prorrogar custeios por até quatro anos e investimento por mais um ano, no final dos contratos, conforme o Manual de Crédito Rural. Haddad classificou inviável o atendimento da demanda de crédito de R$ 27 bilhões, inclusive pela suposta necessidade de contemplar outras regiões.
Na oportunidade, Carlos Joel se disse cansado de comparecer a “mais uma reunião para marcar reunião”.
Agora, com informações obtidas a partir de uma conversa reservada de Haddad com os senadores gaúchos Luis Carlos Heinze (Progressistas) e Hamilton Mourão (Republicanos), ainda no dia 23, Joel avalia “que virá uma proposta intermediária por parte do Ministério”, com prazo “bem menor” para a flexibilização dos pagamentos.
“O próprio ministro acenou essa possibilidade”, revela Joel.
Além da Fetag, devem comparecer à reunião representantes da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) e do Sistema Ocergs. Técnicos dos ministérios de Agricultura e Pecuária e de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar se somam aos da Fazenda. São aguardados técnicos de instituições financeiras.
Na manhã da terça-feira, antes da agenda em Brasília, a Fetag discute, com os 312 sindicatos filiados à entidade, os próximos passos diante de uma eventual falta de resultados na negociação com o Planalto.
“Vamos tomar uma decisão forte sobre o que fazer, o tipo de mobilização e quando será realizada”, afirma Joel.
Em março, em São Luiz Gonzaga, os produtores definiram o dia 15 de abril como limite para estabelecimento de uma solução junto ao governo.
A situação de endividamento mais preocupante, na análise de Joel, atinge agricultores de milho, soja e trigo.
“Também tem o leite, mas o leite está conseguindo dar a volta por cima com os preços, que não estão tão ruins”, ressalta.
A orizicultura “é o setor que está mais tranquilo”, ainda que enfrente, neste momento, queda nas cotações.
“O arroz vem de duas safras boas. E esse ano também não sofreu”, pondera Carlos Joel.
Fonte: Correio do Povo