Produtores gaúchos pressionam por alívio das dívidas em Brasília sem a presença de Haddad

Inicialmente confirmada para ser realizada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os representantes do agronegócio no Rio Grande do Sul serão recepcionados nesta terça-feira, dia 15, em Brasília, pelo secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, e pelo secretário-executivo da pasta, Dario Durigan. A pauta do encontro será a crise do setor rural gaúcho em virtude dos impactos dos extremos climáticos em quatro safras frustradas, em cinco anos, e o consequente endividamento dos produtores rurais.

A reunião com Haddad havia sido solicitada pelo senador Luis Carlos Heinze (PP/RS), que divulgou a alteração da agenda para o dia 23 de abril, em virtude de um compromisso do presidente Lula com a participação do ministro. A mudança causou frustração, pois é a segunda vez que é remarcada, sendo aguardada desde 17 de março.

“Será que os problemas dos agricultores do Rio Grande do Sul não são importantes para o ministro? Fica a pergunta”, questionou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva.

Da Silva integra a comitiva gaúcha que está em Brasília nesta terça-feira, juntamente com o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, entre outros. O presidente da Fetag-RS, destaca que seguirá tentando, com as demais lideranças representativas do setor gaúcho, uma data para reunião com o próprio ministro Haddad e antecipa que se não houver uma resposta satisfatória por parte do governo federal sobre as dívidas dos produtores rurais as mobilizações dos mesmos serão retomadas no Estado.

“Os agricultores estão cobrando”, garantiu o dirigente que esteve na quinta e sexta-feira, dias 10 e 11 de abril, nos municípios de Catuípe, Santo Cristo e Roca Sales. Conforme da Silva, neste último reuniu-se com 500 produtores.

“Todos estão apavorados pois os vencimentos estão batendo e eles não tem o que fazer. Então não tem mais jeito: ou o governo nos atende ou vamos ter que endurecer a luta e aí ocorrerão pesadas mobilizações”, desabafou, acrescentando que os próximos passos dependerão dos resultados da reunião.

Para o presidente da Fetag-RS, até o momento, o governo federal ‘brincou’ com os produtores do Rio Grande do Sul ao não atender, pelo menos, a solicitação de postergar por 120 dias as cobranças das dívidas rurais que já começaram a vencer os primeiros prazos neste mês de abril.

“Os bancos não receberam nenhuma orientação do governo e o produtor que teve perdas e não consegue fazer os pagamentos só tem uma solução que é pedir a prorrogação pelo manual de crédito e essa tem sido a nossa orientação”, enfatizou.

O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) é autor do PL 320/2025 que tramita no Senado sobre a securitização das dívidas de produtores rurais impactados por eventos climáticos extremos desde 2021. Sobre a agenda desta terça-feira divulgou que a expectativa é garantir, ao menos, a prorrogação dos passivos até setembro e que o ministro Haddad chancele, na próxima semana, a resolução.

O projeto de securitização propõe a conversão de dívidas rurais em títulos lastreados pelo Tesouro Nacional, com limite de até R$ 60 bilhões. A medida alcança operações de custeio, investimentos e comercialização contratadas até 30 de junho de 2025.

Fonte: Correio do Povo