Indústria confiante na retomada das vendas de maquinário
16 de março de 2025

Entre 2019 e 2022, o setor de máquinas e implementos agrícolas no Brasil viveu momentos de vendas excepcionais. Desde 2023, os resultados foram apresentando baixas significativas, que, ainda assim, não afetam o otimismo de dirigentes de empresas e associações em relação ao futuro. A crescente demanda mundial por alimentos nutre a confiança de que tempos melhores virão.
“O mercado de máquinas agrícolas tem sempre uma retração e uma expansão. Nós tivemos um período de expansão muito grande de 2019 a 2022”, explica o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos de Oliveira.
A expansão foi impulsionada por considerável aumento de área de plantio e pelo alto preço de commodities. Em 2022, o ano foi encerrado com recorde de vendas, de R$ 95 bilhões. “Em 2023, caiu para R$ 75 bilhões, até que é razoável. No ano passado, caiu para R$ 60 bilhões”, relata Estevão, lembrando a interrupção do processo de crescimento da área de cultivo. O presidente acredita, porém, que, a médio prazo, o avanço da lavoura será retomado.
“Tanto o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos quanto o Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) indicam que precisamos aumentar as exportações (de alimentos) em cerca de 30%, para fazer frente ao aumento populacional”.
De acordo com Estevão, isso significa a necessidade de acrescentar 12 milhões de hectares à semeadura em um prazo de sete anos. “É muita coisa, ou seja, você colocar no médio prazo, existe um otimismo muito grande”, assegura. “O Brasil é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, vai continuar sendo e vai aumentar essa proporção”, complementa. Os embarques devem contemplar grão, soja, milho, carnes, café, laranja, açúcar, celulose, frutas e leite. “Todas as máquinas que são utilizadas nessas culturas devem ter aumento de vendas”, acrescenta o executivo presente à Expodireto.
O diretor de operações da Mahindra Tratores, Anderson Melo, estima que os gráficos dos negócios entrem em linha ascendente dentro de um prazo de até um ano e meio. “O Brasil continua sendo um pilar importante para a agricultura global. Tem algum impacto ainda por questões de câmbio, um aumento de custo de insumos, isso pode atrapalhar um pouco, mas a tendência é que a gente tenha uma retomada, um crescimento de PIB em torno de 5% no setor agrícola”, avalia. Melo soma a Argentina nos prognósticos para o faturamento. “A Argentina começa a abrir de novo como um grande mercado. Temos perspectivas também no Paraguai, Uruguai e Bolívia. A exportação, pelo menos na América Latina”, diz.
Para o CEO da Jacto, Carlos Haushanh, o aumento de produtividade agrícola no Brasil o estimula a perceber o ano de 2025 com “bons olhos”.
“Obviamente, existem exceções, como alguns lugares do Rio Grande do Sul, mas no Brasil, em geral, estamos vendo uma produtividade melhor do que a do último ano, com a soja com preço estável. A grande variável negativa fica na conta da taxa de juros, que tem assustado um o pouco produtor”, analisa o empresário.
Pedro Estevão e Anderson Melo destacam o avanço da tecnologia embarcada nas máquinas, o que inclui recursos de inteligência artificial, de algoritmo, de informação simultânea à operação sobre o desempenho de equipamentos e sistemas, sobre o meio ambiente e muito mais, permitindo ao gestor tomar decisões a qualquer instante e à distância. Para Melo, as modernidades encontram um gargalo na limitada conectividade da área rural brasileira. De acordo com a organização ConectarAgro, no país, somente 23,8% dos imóveis rurais têm cobertura 4G ou 5G em toda a área de uso agropecuário. Da área disponível para uso agrícola no território nacional, a cobertura 4G ou 5G limita-se a 43,8%, com concentração nas regiões Sul e Sudeste.
Simers divulga painel com dados setoriais
Números relativos aos valores de produção, de exportações, principais destinos, quantidade de empresas por estados e até mesmo o total de funcionários de cada uma delas são alguns dos dados disponibilizados pelo Painel Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas RS. A ferramenta foi lançada na 25ª Expodireto Cotrijal, evento encerrado na sexta-feira, 14, em Não-Me-Toque, na Região Noroeste do Estado, pelo Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers).
O detalhamento completo do mercado de máquinas e equipamentos agrícolas, com foco na representatividade e participação do Rio Grande do Sul e do Brasil, está disponível para associados do sindicato no site da entidade. De acordo com o responsável pela comunicação e marketing do Simers, Emerson Alves, a previsão é de liberar até abril o acesso ao público em geral.
Durante a apresentação do painel, ao longo da semana, identificava-se uma redução na participação do estado de São Paulo no total de empresas e uma elevação na representatividade de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. No país, o território gaúcho concentra cerca de 25% das empresas e 34,85% dos empregos do setor de máquinas e implementos agrícolas, com 571 empresas e 34.118 empregos diretos (dados de 2023), atrás apenas de São Paulo.
Fonte: Correio do Povo