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Créditos de carbono na mira do agro

Agro

14 de janeiro de 2025

Créditos de carbono na mira do agro
Projetos de reflorestamento estão entre os que facilitam acesso ao mercado
Foto: Tanac/Divulgação/CP

Com a promessa de aliar preservação ambiental e rentabilidade, o mercado de créditos de carbono desponta como uma nova fronteira para o agronegócio brasileiro. Enquanto aguarda a regulamentação da Lei 15.042, sancionada em dezembro de 2024, o setor já encontra oportunidades no mercado voluntário internacional de créditos de carbono, transformando a sustentabilidade em ativo financeiro.

O CEO da Eccaplan, Fernando Beltrame, empresa especializada em soluções sustentáveis, demonstra interesse em projetos no Rio Grande do Sul, com destaque para a agricultura regenerativa, como a olivicultura gaúcha. No entanto, ele ressalta que os produtores precisam se organizar financeiramente e atender critérios rigorosos. “Hoje, a principal barreira é o alto custo para produzir créditos de carbono. É necessário detalhar o projeto, implementar boas práticas, coletar dados, contratar uma auditoria independente, como a ABNT, para validar a metodologia e, só então, submeter os créditos aos mercados”, explica Beltrame.
Entre os programas de certificação mais reconhecidos para créditos de carbono Beltrame cita o Verra (VCS / Verified Carbon Standard), voltado para projetos de conservação ambiental, reflorestamento e energia renovável.

No campo regulado, destaca-se o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado pelo Protocolo de Kyoto, da Organização das Nações Unidas (ONU), que certifica projetos de emissão de créditos de carbono. Segundo o executivo, os custos para certificação variam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão. Para tornar o processo mais acessível, a Eccaplan desenvolveu a Carbon Fair, a primeira plataforma brasileira de padrão de crédito de carbono, que reduz os investimentos para valores entre R$ 150 mil e R$ 200 mil. Beltrame destaca três critérios essenciais para a elaboração de projetos de créditos de carbono.

“O primeiro é comprovar a adicionalidade, ou seja, realizar ações que vão além das exigências legais, como ampliar a área de reserva florestal na propriedade”, destaca. O segundo é a utilização de metodologias validadas pela ONU, pelo governo brasileiro ou por instituições reconhecidas. Por fim, é fundamental garantir a viabilidade financeira do projeto. “Sem incentivos, a margem de lucro pode ser insuficiente ou até inviável”, esclarece.

Já Eduardo Baltar, CEO da Ecofinance Negócios, empresa de consultoria em ESG, enfatiza que o custo é um obstáculo especialmente para pequenos produtores no mercado voluntário de créditos de carbono. “Financeiramente, eles podem gastar mais do que obter retorno. A solução é reunir propriedades, formando uma grande área conjunta”, sugeriu. Baltar também alerta para a importância de contratar empresas certificadoras com credibilidade. “As empresas que compram créditos de carbono buscam certificações reconhecidas para evitar riscos”, diz.

A Ecofinance já realizou mais de 40 projetos aprovados, incluindo alguns no MDL da ONU, e comercializou mais de 15 milhões de créditos de carbono. No Rio Grande do Sul, a empresa desenvolveu iniciativas com diversas cooperativas agrícolas. As iniciativas foram voltadas à geração de créditos de carbono e planos de mitigação de gases do efeito estufa. A ONU não fará a venda dos créditos de carbono. “O dono do projeto pode levar para negociação em bolsa de valores”, finaliza.

Fonte: Correio do Povo