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Falta de chuvas afeta lavouras no interior gaúcho

Clima

10 de janeiro de 2025

Falta de chuvas afeta lavouras no interior gaúcho
Lavouras de soja, em fase de plantio e de desenvolvimento, e de milho, em colheita, estão entre as mais prejudicas pela estiagem
Foto: José Schafer / Emater-RS/Ascar / CP

MetSul Meteorologia alertou nesta quinta-feira, 9, para os efeitos de uma estiagem iniciada há um mês em parte do Rio Grande do Sul, oferecendo riscos às culturas de verão, principalmente soja e milho. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia, divulgados pela MetSul, indicam acumulados de chuva bastante reduzidos, nos últimos 30 dias, nas regiões Centro, Noroeste e Fronteira Oeste do RS. Em São Vicente do Sul (Centro), por exemplo, foram apenas 16 mm. Em São Borja (Fronteira Oeste), 29 mm. Em Santa Rosa (Noroeste), 36 mm.

Em contrapartida, municípios das regiões Sul e Leste apresentaram acumulados próximos ou acima da média, com marcas tão altas quanto 206 mm em Porto Alegre, 204 mm em Canela e 144 mm em Jaguarão. Mapas pluviométricos abrangendo os oito primeiros dias de 2025 evidenciam um panorama totalmente distinto entre o Oeste do Rio Grande do Sul, castigado pela ausência de chuvas, e o Leste, atingido até em demasia pelas precipitações.

Plantio interrompido

De acordo com a edição divulgada nesta quinta-feira do Informativo Conjuntural da Emater-RS/Ascar, a semeadura da soja foi paralisada nas regiões Fronteira Oeste, Noroeste e Norte e o estresse hídrico afeta a produtividade da planta em área significativa do estado. Loana Cardoso, agrometeorologista e engenheira agrônoma do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), salienta que não se trata, até o momento, de uma situação irreversível.

“A soja é uma cultura que tem capacidade de se adaptar. Mantém o crescimento mais lento, aborta um pouco de flores, mas não impede a produção total. Recuperando a umidade, volta a emitir flores”, disse a agrometeorologista.

Enchimento de grãos

Na lavoura do milho, em colheita, a falta de chuvas no início da fase reprodutiva, em novembro e dezembro, e na fase final de enchimento de grãos, afetou consideravelmente as áreas sem irrigação, como ocorreu em São Borja. Em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, no entanto, as condições foram totalmente favoráveis à cultura. O mesmo se verifica na Região dos Campos de Cima da Serra, que responde por 60% da área de milho destinada à produção de grãos.

Loana e MetSul destacam que as chuvas de 2024 ofereceram uma reserva hídrica que atenuou o quadro atual. Estael Sias, meteorologista de MetSul, lembra que, durante o verão, é comum que os períodos de ausência e falta de chuva sejam alternados com fases de instabilidade.

“Mas é preciso levar em conta a característica da chuva no verão gaúcho. A chuva, que tem uma característica mais irregular, resulta do calor. Diferente do inverno, em que os ciclones e as frentes frias ficam por vários dias trazendo tempo chuvoso, dias e dias com chuva, No verão, é mais raro isso acontecer”, ressalta Estael.

Chuva necessária

A meteorologista acrescenta que a chuva agrícola, aquela que realmente beneficia a lavoura, deve ter algumas horas de duração, com um mínimo de 10 mm de precipitação.

Tanto Loana quanto Estael consideram ser muito cedo para prever um avanço da estiagem em direção a um contexto mais grave, de seca.

“Se o produtor tem reserva de água, tem condições de irrigar, esse é o momento de irrigar”, recomenda a agrometeorologista Loana.

Fonte: Correio do Povo