Em um cenário onde os animais de estimação cada vez mais se tornam membros da família, a escolha da raça do cão ideal deve ir além da aparência. Segundo Nicole Stapelbroek Trennepohl, apaixonada por cães e com formação em adestramento, muitos proprietários cometem o erro de selecionar seus animais de estimação baseados apenas em características estéticas, sem considerar a funcionalidade histórica e as necessidades específicas de cada raça. Essa decisão pode resultar em problemas comportamentais e de saúde, além de contribuir para o abandono de animais. “Muitas vezes, as pessoas não olham a raça pela sua funcionalidade, o que é um grande erro e um dos principais motivos para o abandono de animais”, afirmou Nicole.
Raças e suas Funções: O que Considerar?
Nicole detalhou como diferentes raças foram desenvolvidas para funções específicas, como por exemplo os cães de tração, como os Huskys, foram criados para puxar trenós em regiões frias e, portanto, possuem alta energia e necessidade de exercício. Já os cães de proteção de rebanhos, como o Cão Montanhês dos Pirineus e o Boiadeiro Bernese, têm instintos de guarda e proteção. Cães de pastoreio, como o Border Collie de pelo longo, necessitam de tarefas que simulem o pastoreio para se sentirem realizados. Por outro lado, os cães de companhia, como o Lhasa Apso e o Maltês, foram criados para a convivência próxima com humanos. Por fim, os cães retrievers, como o Labrador e o Golden Retriever, foram desenvolvidos para buscar presas na água, tendo uma afinidade natural com atividades aquáticas.
Nicole usou o exemplo pessoal de seu Poodle Gigante, Louis, que adora água, para ilustrar como as características de uma raça podem se manifestar em comportamentos específicos.
Escolher um cão sem considerar suas necessidades pode levar a uma série de problemas. Cães de alta energia que não recebem exercício adequado podem desenvolver estresse, ansiedade, depressão e problemas de saúde, como obesidade e infecções. “Colocar um cão de tração em um apartamento sem levá-lo para correr é como colocar uma pessoa muito ativa para trabalhar sentada em um escritório fechado”, comparou Nicole.
Responsabilidade e Compromisso
Nicole enfatizou a responsabilidade de se ter um cão, destacando que é um compromisso de 10 a 15 anos, dependendo da saúde e da longevidade do animal. Ela recomendou que, antes de adquirir um cão, as pessoas pesquisem sobre a raça ou consultem especialistas para garantir que o animal se encaixe em seu estilo de vida.
Além disso, a adoção responsável é uma alternativa, especialmente para quem busca um cão já adulto, cuja personalidade e necessidades são mais previsíveis. “Adotar um animal de um abrigo pode ser uma excelente escolha, desde que seja feita com responsabilidade”, afirmou.
A mensagem é clara: a escolha de um animal de estimação deve ser feita com cuidado e consideração pelas necessidades do animal. Apenas assim é possível garantir uma convivência harmoniosa e saudável, evitando problemas futuros e garantindo que o cão se torne um membro feliz e bem ajustado da família.
Fotos: Arquivo Pessoal / Nicole Stapelbroek Trennepohl