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Milho: uma cultura que resiste

por Daiane Giesen
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Apesar dos diferentes desafios ao longo das últimas safras, o milho obviamente segue tendo sua importância do ponto de vista econômico. Com uma forte relevância para a história da agricultura, o cereal também tem protagonismo pelos benefícios que proporciona na rotação de culturas, entre outras vantagens.

Porém, num contexto de bastante desafios, a adesão dos produtores pela soja é muito maior. Para se ter uma ideia, tomando o município de Não-Me-Toque como exemplo, são mais de 22 mil hectares plantados com soja na safra 2023/2024. Já o milho, conforme dados da Emater/Ascar-RS, responde por cerca de 3,5 mil hectares semeados. 

Um exemplo de quem cultiva o milho é o produtor rural Giordano Schiochet, que trabalha na propriedade da família, na localidade de Bom Sucesso, interior de Não-Me-Toque. Ele conta que o milho está presente desde a origem do trabalho da família com lavoura, em 1957. Tudo começou com seus avós maternos, Ivaldino A. Zagonel e Maria Lourdes Zagonel.

Nesta safra foram semeados 55 hectares de milho de um total de 383 da propriedade. Além de produtor, Giordano é engenheiro agrônomo e avalia que a cultura do milho teve grande evolução com o passar dos anos e ele destaca o melhoramento genético dos materiais.

De acordo com ele, a safra 2023/2024 tem sido desafiadora. “Tivemos excesso de chuva no plantio e também durante o ciclo da cultura, além de doenças e uma forte pressão de cigarrinha. Foi um ano de aprendizado”, comenta. Na propriedade, nesta safra, foram plantados três híbridos diferentes. Segundo o produtor, com mais de um material se consegue “reduzir os riscos e períodos críticos”. 

Ele avalia a cultura do milho como uma forte aliada no sistema de produção, que garante a sustentabilidade do sistema de plantio direto e contribui no controle de pragas, de doenças do solo e de plantas daninhas. Giordano também cita que a cultura tem grande importância econômica, visto que é a base da alimentação animal, e também se observa uma crescente utilização em combustíveis renováveis. 

Benefícios gerados pelo milho

O difusor técnico do setor de Produção Vegetal da Cotrijal, Fernando Cirolini, também avalia como essencial a presença da cultura de milho no sistema de plantio direto devido aos inúmeros benefícios por ela proporcionados. 

Ele exemplifica citando o grande aporte de palha no sistema proporcionado pelo milho, a contribuição na conservação do solo, aumentando a atividade microbiana no sistema e diminuindo a presença de patógenos maléficos para a cultura da soja.

Outro benefício ao sistema está na contribuição ao manejo de algumas plantas daninhas de difícil controle, entregando uma lavoura mais limpa para a soja, que é a principal cultura de produção.

– Nos últimos dois anos o milho passou por dificuldades devido à estiagem. Na atual safra, a cultura sofreu com chuvas em excesso nos meses iniciais bem como ataque de pragas, destacando a grande presença de cigarrinha do milho, que trouxe um grande desafio para a cultura – contextualiza.

Cirolini recorda que no início dos anos 2000 a área cultivada com milho era maior. “Alguns fatores inibiram a plantação de milho, como os preços, sendo a soja bem mais rentável”, compara. Atualmente, o milho representa em torno de 10% da área cultivada na área de ação da Cotrijal na safra de verão.

Tecnologia 

O potencial produtivo dos híbridos, a necessidade de rotação de culturas, bem como a tecnologia usada no cultivo pode estar entre os passos motivadores para o plantio do milho. “2023 foi um ano com elevado estresse. Período com volumes de chuva acima da média. Neste ano ocorreu uma safra de muitos contrastes, com áreas de alta e baixa produção”, analisa Cirolini. 

Durante a 24ª Expodireto Cotrijal, a tecnologia apresentada pelas empresas expositoras, novos híbridos e a troca de informações entre diferentes integrantes da cadeia produtiva do milho pode apontar novos caminhos para o cereal. “Os produtores devem procurar híbridos com tecnologias que melhor se adaptem a seu perfil de produção. Na feira, podem aproveitar para levantar informações para em conjunto com seu técnico tomar a decisão mais assertiva”, orienta Cirolini.

Desta forma, a diversificação de híbridos entra em cena como uma das melhores alternativas para o produtor no próximo plantio, como uma possível estratégia para minimizar danos que eventualmente possam ocorrer.

Fórum do Milho

Nesta 24ª Expodireto, o Auditório Central sedia a 15ª edição do Fórum do Milho. O evento acontece no primeiro dia da feira, das 14 às 16h, tendo como tema “O mercado e os desafios do milho”. A programação contempla dois painéis com três palestrantes confirmados para apresentar resultados de análise de campo, pesquisa, solo e estratégia comercial da cultura. 

O primeiro painel tem o tema “Cenários e Perspectivas para o Mercado do Milho”. A palestrante será Silvia Bampi, consultora de gerenciamento de riscos StoneX Brasil. A moderação será de Luís Claudio Gomes, gerente comercial de grãos da Cotrijal. 

Na sequência, o segundo painel tem a temática “Desafios da cultura de milho frente à safra 2023/24” com os painelistas Glauber Renato Stümer, entomologista da Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL), e Carlos Augusto Pizolotto, fitopatologista, também da CCGL. A moderação fica a cargo de Fernando Cirolini, difusor técnico da Cotrijal.         

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