Diante da queda recente nos preços de commodities agrícolas e das perspectivas ruins para a nova safra de grãos, o Ministério da Agricultura está na reta final de elaboração de um plano para ajudar os produtores rurais contra uma crise iminente no setor.
A ideia é garantir fôlego aos agricultores e evitar problemas financeiros que atinjam também o próximo plantio, com efeitos indesejados também na safra seguinte.
Um conjunto de medidas — como novas linhas de crédito, aumento do capital de giro e novos prazos para o pagamento de dívidas — está em preparação e deve ser anunciada nos próximos dias.
O ministro Carlos Fávaro já fez um relato da situação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e recebeu aval para dar prosseguimento às medidas. Ele tem reuniões com a equipe econômica e com a cúpula do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para dar formato definitivo às ações.
Fávaro disse para interlocutores no governo que a situação no setor não é de “desespero”, mas é “preocupante” e requer iniciativas de curto prazo para não piorar.
O ministro acredita que, para a maioria dos cultivos, a rentabilidade da safra atual está praticamente perdida. Sua prioridade, agora, é evitar reflexos negativos para a safra 2024/2025.
Nos últimos 12 meses, as cotações da soja e do milho caíram mais de 20%. Os preços do café e de outras commodities também despencaram.
Além do clima adverso, que tem prejudicado a colheita nas principais regiões produtoras do país, houve aumento da oferta de grãos no mercado internacional.
Um dos maiores acréscimos vem da Argentina, que teve a mais grave seca de sua história no ano passado e colheu apenas 21 milhões de toneladas de soja. Neste ano, a colheita deve passar para cerca de 50 milhões de toneladas.
Com isso, há uma combinação incomum de queda da produção de grãos — especialmente na região Centro-Oeste — com um tombo nos preços internacionais, descapitalizando os produtores.
Fonte: CNN