O movimento SOS Agro RS contabilizava protestos em 34 municípios gaúchos na tarde desta terça-feira. A mobilização precede o tratoraço que será realizado em Porto Alegre na quinta-feira e materializa a revolta dos produtores rurais com a falta de uma resposta contundente do governo federal aos pedidos de uma solução definitiva para o endividamento acumulado nas últimas safras e pelas perdas com as enchentes de maio. A movimentação de máquinas agrícolas ocorre às margens de rodovias e nos centros urbanos.
Publicada no dia 31 de julho, a Medida Provisória 1.247 estabeleceu desconto para liquidação ou renegociação de parcelas de crédito rural, mas foi considerada insuficiente para atender aos apelos do setor. A Federação da Agricultura (Farsul) se posicionou que a MP ampliou a ansiedade e a insegurança no meio rural, pela excessiva burocracia, que “arrasta para além do tempo razoável o plantio da nova safra”. O agro espera pela publicação de decreto federal para normatizar a MP e definir percentuais de desconto das dívidas, anistia, prazo e juros da prorrogação.
Os produtores têm contra si o fim do prazo estabelecido pela Resolução nº 5.132 do Conselho Monetário Nacional, que autorizou instituições financeiras a prorrogarem para 15 de agosto as parcelas de principal e juros das operações de crédito rural de custeio, investimento e comercialização, que tenham vencimento entre 1º de maio e 14 de agosto.
Um dos organizadores do SOS Agro RS, o produtor Lucas Scheffer diz que o movimento desistiu de procurar representantes do governo federal para cobrar apoio e respostas, depois de manter diálogo com os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta.
“O pessoal estava confiando porque no começo a conversa estava bonita, mas mentiram para nós e não tem mais o que fazer”, disse.
Scheffer acredita que o número de atos em municípios deve dobrar até o fim de semana, enquanto são projetados cerca de 300 tratores no ato em Porto Alegre. A manifestação na Capital deverá ser realizada simultaneamente aos protestos no interior.
Fonte: Correio do Povo