Início » O futuro da atividade

O futuro da atividade

A busca por soluções sustentáveis ganha cada vez mais força. Entenda o atual cenário de questões como crédito de carbono e biocombustíveis

por Daiane Giesen
272 visualizações

Os créditos de carbono têm se tornado uma promissora perspectiva para os agricultores brasileiros, inspirando uma esperança de transformação no setor agrícola nacional. Nessa busca por compreender e explorar as nuances desse tema, os professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Telmo Amado e Dalvan Reinert, ambos com vasta experiência na Agronomia, compartilham suas visões sobre a importância dos créditos de carbono e o seu potencial para a agricultura brasileira.

Origens dos créditos de carbono

Surgido como um conceito inovador no âmbito do Protocolo de Kyoto em 1997, os créditos de carbono tem como principal objetivo a redução das emissões de gases de efeito estufa, substâncias que contribuem significativamente para o aquecimento global e seus impactos devastadores sobre o meio ambiente e a sociedade. 

Produtores que implementam práticas agrícolas ou florestais que levam ao sequestro de carbono podem, de fato, gerar créditos de carbono que podem ser vendidos no mercado. Portanto, o benefício para o produtor não se limita apenas à melhoria do solo, também pode incluir a receita gerada pela venda dos créditos de carbono, apesar de no Brasil ainda não haver um modelo definido de como fazer isso.

O aumento alarmante da concentração de carbono na atmosfera é uma preocupação global que impulsionou a busca por soluções. “Com mais de 400 PPM (partes por milhão) na atmosfera, medidas efetivas são necessárias para combater as mudanças climáticas”, afirma Reinert. 

O papel da agricultura brasileira no mercado de carbono

Com a agricultura brasileira ocupando uma posição de destaque devido ao seu tamanho e às práticas já adotadas, os professores destacam a necessidade de intensificar e aprimorar as práticas agrícolas. Telmo Amado enfatiza que o aumento da matéria orgânica no solo, especialmente em milhões de hectares trabalhados, representa uma oportunidade significativa para o sequestro de carbono, promovendo melhorias na qualidade do solo e na produtividade agrícola.

– Cada crédito de carbono representa a retirada de uma tonelada de carbono da atmosfera, imobilizando-o em diversos materiais orgânicos – destaca o professor. Com o potencial brasileiro em puxar carbono de volta, principalmente através do aumento da matéria orgânica no solo, essa prática não apenas contribui para a diminuição das emissões, mas também beneficia a qualidade do solo e a produtividade agrícola.

A experiência nos Estados Unidos, onde agricultores aderiram a programas de sequestro de carbono, demonstra que o mercado, inicialmente próspero, enfrentou desafios. Contudo, com a crescente preocupação ambiental, o mercado está passando por um renascimento. A transição para uma economia mais sustentável é um processo fundamental e os créditos de carbono tem um grande papel nisso.

Perspectivas para agricultores brasileiros

Espera-se que agricultores possam em breve se beneficiar desses programas. No entanto, segundo especialistas, desafios regulatórios precisam ser superados para permitir a plena participação do setor agrícola brasileiro nesse mercado promissor. Conscientizar e qualificar os agricultores sobre a importância do solo como um reservatório de carbono são passos fundamentais.

O avanço tecnológico, especialmente em laboratórios e equipamentos de medição de carbono, coloca o Brasil em uma posição privilegiada. O uso de tecnologias modernas, aliado a uma abordagem pragmática, permitirá que os agricultores brasileiros participem ativamente desses programas.

Os Professores Telmo Amado e Dalvan Reinert apontam que encontrar o equilíbrio certo entre rigor e praticidade é a chave para o sucesso dos programas de sequestro de carbono. Ao aprender com experiências passadas, adaptar práticas continuamente e aproveitar as tecnologias modernas, o Brasil pode liderar uma agricultura sustentável, beneficiando tanto o meio ambiente quanto os agricultores.

Agricultura Regenerativa

Nesse contexto de sequestro de carbono, ganham força também práticas que beneficiam a sustentabilidade, conhecidas como Agricultura Regenerativa, alicerçada em alguns pilares. “Zero erosão, redução do preparo do solo, manutenção de resíduos vegetais e diversidade biológica são fundamentais. Essas práticas não apenas revertem a perda de carbono, mas também promovem a saúde do solo”, enfatiza Amado.

Avanços nos biocombustíveis

Nos últimos anos, os biocombustíveis também emergiram como uma alternativa promissora aos combustíveis fósseis, desempenhando um papel importante na busca por uma matriz energética mais sustentável e na redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, apesar dos avanços significativos, o setor enfrenta uma série de desafios que exigem atenção e ação coordenada.

Graças aos avanços tecnológicos, os processos de produção de biocombustíveis têm se tornado mais eficientes e diversificados. “As novas técnicas de cultivo, como a agricultura de precisão e a engenharia genética, têm aumentado a produtividade das culturas utilizadas na produção de biocombustíveis. Em paralelo a isso, a pesquisa em biotecnologia e bioquímica tem permitido a exploração de uma variedade mais ampla de matérias-primas”, comenta o professor Telmo Amado. 

Além disso, a implementação de processos de produção mais eficientes e sustentáveis tem contribuído para reduzir os impactos ambientais associados à produção de biocombustíveis, tornando-os uma opção mais coerente do ponto de vista ambiental.

Desafios e controvérsias persistem

Apesar dos avanços, o setor de biocombustíveis enfrenta uma série de desafios que precisam ser enfrentados para garantir sua viabilidade a longo prazo. O professor Dalvan Reinert destaca que questões como a competição por terra e recursos naturais, o impacto ambiental da expansão agrícola e a controvérsia em torno do uso de culturas alimentares para a produção de biocombustíveis continuam a gerar debates acalorados.

Além disso, a eficiência energética e a relação custo-benefício dos biocombustíveis ainda são áreas que requerem atenção e pesquisa contínua. Enquanto alguns argumentam que os biocombustíveis podem desempenhar um papel significativo na redução das emissões de gases de efeito estufa, outros questionam sua eficácia em comparação com outras formas de energia renovável, como a energia solar e eólica.

Publicações Relacionadas

Receba nosso Informativo

Informação de Contato
656415
© 2023 - Grupo Ceres de Comunicação - Todos os direitos reservados. | Política de Privacidade