Existem mais de 20 mil espécies de abelhas no mundo e, entre elas, apenas dois grupos são sociais e produzem mel: são as abelhas nativas sem ferrão e as abelhas melíferas ou africanizadas. A abelha Apis melífera que habita o Brasil, conhecida popularmente como africanizada, é resultado do cruzamento das raças europeias e africanas. Apesar de serem muito defensivas, as abelhas africanizadas são ativas o ano todo, altamente produtivas e resistentes às doenças.
As abelhas africanizadas produzem a maior parte do mel que consumimos e, além disso, usamos vários de seus produtos, como a cera, o pólen, a geleia real, a própolis, o veneno (apitoxina). E mais importante do que isso é o papel que desempenham como polinizadoras de diversas culturas; sem elas, teríamos sérios problemas com o número e qualidade de inúmeros frutos que consumimos.
Para o engenheiro agrônomo Frederico Pacheco, a paixão pelas abelhas começou desde muito cedo com a influência do pai que passou o hobby para o filho. “Meu primeiro contato com esses incríveis insetos foi através do meu pai, que na época era o apicultor da fazenda. Ele cuidava de colmeias e garantia a produção de mel na propriedade. Mais tarde, ele deixou esse hobby para seguir outros caminhos, e o senhor Lírio Ferry assumiu a responsabilidade. Com o tempo, assumi a tarefa de cuidar das abelhas e, atualmente, temos 38 colmeias em nossa fazenda”, contou.
Frederico destaca que o trabalho hoje é administrado por ele e por dois funcionários que também são apaixonados pelas abelhas, mesmo esse trabalho sendo árduo e pesado.
Atualmente, a produção de mel anual fica em torno de 400 a 500 kg de mel por safra nos últimos dois anos. Além do mel, há ainda a produção de própolis, que é um extrato com propriedades terapêuticas usado pelas abelhas para vedar as caixas. “O própolis é coletado, curado e utilizado de diversas maneiras, pois possui benefícios para a saúde”, destaca.
As abelhas criadas na propriedade são da espécie africana, com ferrão, o que requer um cuidado adicional devido ao comportamento mais agressivo em comparação com outras espécies de abelhas. Isso exige a utilização de roupas especiais e equipamentos de fumaça durante o manuseio.
Em relação ao cuidado com as abelhas, no inverno, o engenheiro agrônomo destacou a troca de ceras antigas nas colmeias e o fornecimento de probióticos para mantê-las ativas durante a estação mais fria. Também é importante destacar que durante o inverno não há a retirada de mel, pois ele é essencial para a sobrevivência das abelhas nesse período.
De acordo com Frederico, há a discussão sobre a diferenciação de sabor do mel, que varia de acordo com as floradas. No entanto, o que acontece hoje é o aperfeiçoamento no sabor do mel através de infusões de óleos essenciais de ervas ou frutas, intensificando o sabor do mel.
Por fim, o apicultor mencionou a preocupação com a contaminação das abelhas por produtos químicos utilizados na agricultura e a necessidade de aplicar inseticidas de forma responsável, evitando horários de maior atividade das abelhas. A conscientização sobre esse problema é essencial para proteger esses insetos e preservar a natureza.
Encontro Abelheiro
Nos dias 03, 04 e 05 de novembro de 2023, será realizado o 1º Encontro Abelheiro na Acapesu em Carazinho, com o intuito de reunir apicultores e meliponicultores de todo o Brasil e promover a divulgação da produção de mel do Rio Grande do Sul. O evento, que tem como mídia oficial o Grupo Ceres de Comunicação, conta com o apoio de entidades como Emater, Embrapa, Universidade Gaúcha (UERGS) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Na noite de 03 de novembro o Grupo Ceres realiza o 1º Troféu Abelheiro, que premiará produtores e personalidades que se destacam no universo do mel.