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Fila por consultas no SUS do RS cai pela primeira vez em um ano, mas espera por cirurgias segue elevada

Saúde

31 de dezembro de 2025

Fila por consultas no SUS do RS cai pela primeira vez em um ano, mas espera por cirurgias segue elevada
Foto: Agência Brasil

Pela primeira vez em um ano, a fila da Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul para consultas com especialistas apresentou redução. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) indicam que o Estado soma atualmente cerca de 620 mil pedidos de consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), uma queda de aproximadamente 50 mil em relação ao último levantamento, divulgado em novembro.

Apesar do recuo na fila de consultas, o gargalo persiste na etapa seguinte do atendimento. A fila de cirurgias eletivas no Rio Grande do Sul reúne quase 220 mil solicitações em todo o Estado, segundo números inéditos também obtidos via LAI. A especialidade com maior demanda é a ortopedia, que concentra cerca de 45 mil pedidos, seguida por cirurgias do aparelho digestivo, com 33 mil, e procedimentos oftalmológicos, com 31 mil.

Os dados refletem o impacto direto da demora no atendimento especializado. Em diferentes regiões do Estado, pacientes aguardam há anos por consultas e procedimentos cirúrgicos, o que, em muitos casos, agrava quadros clínicos e limita atividades cotidianas.

Levantamentos mostram ainda que a sobrecarga do sistema pressiona hospitais e municípios. Prefeituras afirmam que os repasses federais e estaduais não cobrem os custos reais da saúde pública. Um estudo da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) aponta que todas as cidades gaúchas ultrapassaram o percentual mínimo constitucional de investimento em saúde nos últimos cinco anos.

Entre os municípios que mais destinam recursos à área, destacam-se Esteio, Panambi, Cidreira, Estância Velha e São Leopoldo, todos com investimentos superiores a 30% da receita própria. A Famurs defende, entre outras medidas, a atualização da tabela do SUS como forma de equilibrar os custos do atendimento.

Em agosto, após a divulgação de que o Estado não vinha cumprindo o investimento mínimo constitucional de 12% da receita em saúde, o governo do Rio Grande do Sul firmou um acordo com o Ministério Público para atingir gradualmente esse percentual até 2030.

Em nota, o governo estadual informou que tem ampliado investimentos para reduzir as filas de consultas e cirurgias eletivas, com foco na regionalização da assistência. Somente nos últimos meses de 2025, foram investidos mais de R$ 56 milhões na criação de 62 novos ambulatórios de especialidades em hospitais gaúchos. Com isso, o número de ambulatórios que recebem incentivos estaduais chegou a 508, um crescimento superior a 400% desde o início do programa Assistir, em 2021.

O Estado também destacou o aumento de 40% nos repasses a hospitais que atendem urgências e emergências e informou que, desde outubro de 2025, mais de 75 mil consultas em áreas como oftalmologia e ortopedia de joelho já foram realizadas por meio do SUS Gaúcho.

Para 2026, o governo do RS prevê R$ 758 milhões para a ampliação de programas e serviços estratégicos, com foco na qualificação do acesso e na redução das filas em especialidades com maior demanda.

Já o Ministério da Saúde informou que, por meio do programa Agora Tem Especialistas, instituiu uma nova tabela de financiamento do SUS, com valores superiores aos praticados anteriormente. A expectativa da pasta é que o país registre, em 2025, um recorde de cirurgias eletivas na rede pública, com mais de 14,7 milhões de procedimentos, crescimento de 40% em relação a 2022.

Segundo o ministério, o programa prevê repasse adicional de R$ 1 bilhão para hospitais filantrópicos e Santas Casas em todo o país. No Rio Grande do Sul, foram destinados R$ 72,5 milhões a 376 instituições, além da realização de mutirões que somaram milhares de atendimentos no Estado.

Fonte: G1