Milho com expectativa de redução de até 20% na produção no Rio Grande do Sul
30 de dezembro de 2025
A safra gaúcha de milho 2025/2026 deverá ter uma redução de 15% a 20% na produção em relação às expectativas iniciais, mas ainda assim se encaminha para uma boa colheita. A análise é do presidente da Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho-RS), Ricardo Meneghetti, que aponta o período de 20 a 25 dias sem chuvas, entre novembro e dezembro, justamente numa fase crítica da cultura – o florescimento – como a causa do revés.
Conforme ele, a expectativa inicial da Apromilho-RS era de um volume de aproximadamente 5,2 milhões de toneladas, enquanto a Emater/RS-Ascar projetava, antes do plantio, 5.789.995 toneladas, numa área 785.030 hectares, com produtividade de 7.370 kg/ha.
“A safra arrancou muito bem, com boas umidades, com boa chuva e tudo. O milho vinha muito bem no Rio Grande do Sul. E teve algum probleminha de falta de chuva, uma ‘estiagezinha’ pequena entre final de novembro e início de dezembro, de uns 20, 25 dias. E não seria teoricamente suficiente para dar uma quebra muito grande”, descreve Meneghetti.
“Pegou a lavoura no florescimento, justamente na época em que o milho mais precisa de umidade. E justamente neste período as lavouras estavam no florescimento e deu esses 20 dias de calor bastante grande e de falta de chuva”, acrescenta.
A Emater/RS-Ascar faz uma avaliação semelhante à do dirigente: “As condições ambientais no início do ciclo favoreceram o crescimento vegetativo em grande parte das lavouras. Contudo, a restrição hídrica subsequente impactou negativamente áreas de sequeiro, especialmente aquelas em fases sensíveis do ciclo, como pendoamento, floração e enchimento de grãos”, descreve em seu mais recente Informativo Conjuntural.
“O restabelecimento parcial da umidade do solo, decorrente de três eventos de precipitação ocorridos em dezembro, com intervalo aproximado de uma semana entre eles, contribuiu para a retomada do crescimento em lavouras ainda em estádios vegetativos ou reprodutivos iniciais, mas as perdas já consolidadas não são passíveis de recuperação”, complementa a instituição.
Melhor das últimas safras
O presidente da Apromilho-RS, no entanto, aposta numa colheita melhor que as obtidas nos últimos cinco anos, todas muito afetadas pelas recorrentes estiagens. “Esse ano a coisa está andando melhor do que nos últimos cinco anos. Não é o ideal, mas está andando melhor”, entende. “Ainda se tem uma expectativa de que se vá fazer uma safra boa no Estado. As últimas chuvas agora foram até bem grandes”, considera.
“É dentro do que se espera. Sempre se tem uma expectativa muito alta no começo, e depois ela vai se adequando conforme o clima vai colocando para gente as suas ‘brincadeiras’, vamos dizer assim, que fazem com que a gente acabe perdendo um pouco dos cabelos. Mas o agricultor tá meio acostumado com isso já. É verdade, desde sempre”, avalia.
Déficit
Com a redução de 15% a 20% previstas por Meneghetti, a safra deverá ser de 4,160 milhões a 4,420 milhões de toneladas, pelas projeções da Apromilho-RS, e entre 4,632 milhões e 4,921 milhões a partir da estimativa inicial da Emater/RS-Ascar.
Ainda aquém da demanda anual do Estado de 6,5 milhões a 7 milhões de toneladas, pois o Rio Grande do Sul detém uma das três principais suinoculturas e também aviculturas do país, segmentos muito demandadores do cereal. “Nós não temos conseguido nos últimos anos atingir níveis maiores de produção para abastecer a nossa indústria aqui no Rio Grande do Sul”, lamenta.
Fonte: Correio do Povo