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Dezembro Laranja alerta sobre os cuidados para evitar o câncer de pele

Saúde

22 de dezembro de 2025

Dezembro Laranja alerta sobre os cuidados para evitar o câncer de pele
Uso do protetor solar é uma das principais medidas de prevenção, segundo especialistas
Foto : Mauro Schaefer

Com a chegada do verão e a intensificação da radiação solar, o Dezembro Laranja chama a atenção para o câncer de pele. O tipo mais comum da doença no Brasil, é responsável por cerca de 30% de todos os tumores malignos diagnosticados no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).

No Rio Grande do Sul, o cenário é ainda mais grave e a incidência é quase o dobro da média nacional, chegando a 197,54 casos por 100 mil habitantes ao ano. Diante deste cenário, o alerta das entidades de saúde é unânime no sentido de que proteger a pele e buscar diagnóstico precoce salvam vidas.

De acordo com a dermatologista cooperada da Unimed Porto Alegre, Mariele Bevilaqua, o uso de filtros solares é fundamental para evitar o câncer de pele. Ela explica que a escolha do protetor deve considerar as características de cada pessoa. “Para o rosto, o ideal é usar um protetor solar facial, já que é uma região mais sensível. Cada pele tem necessidades específicas: para a oleosa, o ideal é um produto com toque seco e sem óleo; para a seca, é recomendado escolher um filtro solar em creme com ativos hidratantes; e para a pele sensível, o mais adequado são os filtros minerais”, orienta.

A médica reforça que o uso do protetor precisa ser diário, inclusive em dias nublados ou chuvosos. “Os raios ultravioletas ainda passam pelas nuvens. É recomendado até mesmo quando ficamos em ambientes fechados, porque ele ajuda a prevenir o envelhecimento da pele também relacionado às luzes visíveis”, afirma.

RS tem risco quase duas vezes maior que o restante do país

A combinação entre forte radiação UV, hábitos culturais de exposição ao sol e o envelhecimento da população coloca o Rio Grande do Sul entre os estados com maior incidência da doença. O dermatologista Anthomy Petermann, da Oncoclínicas Porto Alegre, explica que o aumento global dos casos tem relação direta com o estilo de vida moderno.

“A incidência de câncer de pele está aumentando globalmente principalmente pela maior exposição à radiação UV (ultravioleta), envelhecimento populacional, efeitos das mudanças climáticas que intensificam a radiação ultravioleta, além de melhor rastreamento e diagnóstico que elevam os números detectados”, relata.

O dermatologista ressalta que a forma mais eficaz de prevenção é evitar a exposição direta ao sol, especialmente entre 10h e 16h, e investir em proteção física consistente, como chapéus de aba larga, roupas com proteção UV e óculos escuros adequados. “Embora o protetor solar seja importante, a barreira física e o comportamento de evitar o sol são as medidas mais protetoras. Isso reduz de forma significativa o dano cumulativo à pele e o risco de desenvolver tumores cutâneos ao longo da vida”, observa.

Ele também alerta que práticas de bronzeamento, seja por exposição solar direta ou artificial, aumentam a chance de desenvolver câncer de pele. “É importante ressaltar que, segundo a ANVISA, o uso de câmaras de bronzeamento artificial pode aumentar em 75% o risco de desenvolver câncer de pele, especialmente a exposição é em idades mais jovens. Estes equipamentos são proibidos no Brasil”, conclui.

Sinais de alerta não devem ser ignorados

Dados do instituto Nacional do Câncer (INCA), indicam que mais de 220 mil novos casos de câncer de pele são registrados anualmente no Brasil, onde a doença é o tipo mais comum de tumor maligno. O número tende a crescer, principalmente, nos meses mais quentes.

No mês de dezembro, lembrado pela cor laranja para conscientização da doença, hábitos essenciais de projeção são considerados abaixo do ideal. Um levantamento divulgado recentemente pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) revelou que 54% da população com 16 anos ou mais (cerca de 90 milhões de brasileiros) nunca consultou um dermatologista. Além disso, 71% dos brasileiros não usam protetor solar diariamente.

A dermatologista Sabrina Sanvido, do Hospital Moinhos de Vento, reforça que a atenção às mudanças na pele é decisiva para a detecção precoce do câncer. “Pintas que mudam de cor, formato ou tamanho, lesões que sangram, coçam ou ardem e manchas que descamam não podem ser ignoradas. Qualquer alteração suspeita deve ser avaliada por um dermatologista o quanto antes”, afirma.

Segundo ela, quando diagnosticado no início, o câncer de pele costuma apresentar alta probabilidade de cura e exigir tratamentos menos invasivos. A dermatologista também reforça que hábitos de proteção e acompanhamento médico regular são fundamentais para reduzir riscos.

Entre as principais recomendações estão:

  • Aplicar protetor solar diariamente, inclusive em dias nublados;
  • Reaplicar a cada 2 ou 3 horas em caso de exposição prolongada;
  • Usar acessórios de proteção, como chapéus, roupas com filtro UV e óculos escuros;
  • Evitar o sol entre 10h e 16h, período de maior intensidade dos raios UV;
  • Realizar autoexame da pele, observando pintas, manchas ou lesões novas ou que apresentem mudança;
  • Consultar anualmente um dermatologista, mesmo sem queixas aparentes.

“Cuidar da pele não é vaidade, é prevenção. Identificar alterações cedo aumenta muito as chances de um tratamento bem-sucedido. No verão, quando naturalmente nos expomos mais ao sol, incorporar o protetor solar à rotina é um gesto simples que protege e faz diferença no longo prazo”, completa a dermatologista.

Pele mais clara influência maior incidência no RS

Para o dermatologista Wagner Bertolini, da Santa Casa de Porto Alegre, a maior incidência de câncer de pele no Rio Grande do Sul em comparação a outros estados está diretamente ligada ao perfil da população. Segundo ele, a forte presença de descendentes de imigrantes europeus, em geral, com pele mais clara, reduz a proteção natural contra a radiação solar. “Quando esse fator genético se soma a hábitos de exposição ao sol ao longo da vida, muitas vezes sem proteção adequada, o risco de desenvolver a doença aumenta de forma significativa”, explica.

Bertolini afirma que o número de pacientes diagnosticados com câncer de pele tem crescido nos últimos anos, movimento que está relacionado tanto ao envelhecimento da população quanto à maior conscientização sobre o tema. “O câncer de pele tem relação direta com a exposição solar acumulada ao longo da vida. Hoje vivemos mais e, felizmente, as pessoas também estão procurando mais o dermatologista, o que melhora o diagnóstico precoce”, observa.

Nesse contexto, campanhas como o Dezembro Laranja desempenham papel fundamental na prevenção, segundo o especialista. “Elas levam informação à população e reforçam que o cuidado com a pele deve ser contínuo, não apenas no verão ou durante as férias. Muitas vezes, o paciente não percebe uma lesão suspeita, e o diagnóstico acontece apenas durante a consulta médica”, destaca.

Com a proximidade do verão e o aumento das viagens ao Litoral, Bertolini alerta que os cuidados precisam ser redobrados fora dos centros urbanos. “Na praia, a exposição solar costuma ser mais intensa, prolongada e em horários inadequados. É fundamental usar protetor solar em quantidade suficiente, reaplicar com frequência, investir em roupas com proteção UV, chapéus e óculos escuros, além de evitar o sol entre 9h e 17h”, orienta.

Por fim, o dermatologista ressalta que a prevenção deve fazer parte da rotina sem comprometer a qualidade de vida. “Sempre brugo com meus pacientes que não se pode deixar de viver, mesmo com diagnóstico de câncer. Já tive um paciente que deixou de ir ao casamento do filho, para não ficar exposto ao sol, pois tinha tido um diagnóstico de câncer de pele. Por isso eu sempre falo que devem ser adotadas medidas de prevenção, mas sem deixar de viver”, conclui.

Fonte: Correio do Povo