Banco Central eleva projeção de crescimento do PIB do Brasil em 2025 de 2% para 2,3%
19 de dezembro de 2025
O Banco Central (BC) elevou a projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2025 de 2% para 2,3%, de acordo com o Relatório de Política Monetária, publicado nessa quinta-feira (18). O BC ainda atualizou a projeção de expansão em 2026, de 1,5% para 1,6%.
No mesmo relatório, o BC aponta que a inflação vai alcançar a meta de inflação de 3% no primeiro trimestre de 2028. No documento anterior, de setembro, a projeção para o mesmo período era de 3,1%. A previsão é importante para calibrar os próximos passos da política monetária. Parte dos analistas avaliam que haverá corte de juros da reunião da instituição de em janeiro de 2026 e parte avalia que será apenas em março. Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano, maior nível em 19 anos.
A atualização das projeções para o PIB ocorre depois da divulgação oficial pelo IBGE do desempenho da atividade econômica do terceiro trimestre (0,1%). No relatório, o BC explicou que o aumento da projeção de 2025 reflete resultado no período de julho a setembro “ligeiramente acima do esperado”, além de revisões dos resultados anteriores, afetando principalmente o resultado da agropecuária no primeiro semestre.
“A alteração na projeção de crescimento do PIB em 2025 reflete a surpresa ligeiramente positiva no terceiro trimestre, a reavaliação do desempenho esperado para o quarto trimestre — considerando os indicadores disponíveis até a data de corte deste Relatório — e a revisão das séries históricas.”
Pela ótica da demanda, o órgão destacou que a revisão afetou principalmente a estimativa para o consumo do governo. Sob a ótica da oferta, o BC disse que houve alta nas projeções para agropecuária e indústria, acompanhada de leve redução na estimativa para o setor de serviços.
“A projeção para os setores menos cíclicos foi elevada, refletindo, principalmente, revisões altistas na agropecuária e na indústria extrativa, parcialmente compensadas pela redução na previsão para serviços de intermediação financeira. A previsão para os setores mais cíclicos também avançou, com aumento nas estimativas para construção, indústria de transformação e algumas atividades mais cíclicas do setor de serviços.”
Em relação a 2026, a elevação da estimativa ocorreu, segundo o BC, em função da “herança” mais favorável deste ano e da inclusão de estimativas preliminares para os efeitos da isenção ou desconto no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para as primeiras faixas de renda, que deve favorecer o consumo das famílias.
Esse impulso foi parcialmente compensado por revisões negativas para agropecuária e indústria extrativa, devido às primeiras projeções da safra e às perspectivas menos favoráveis para minério de ferro.
“Para 2026, mantém-se a projeção de crescimento moderado ao longo do ano. Entre os fatores que influenciam esse cenário estão a expectativa de manutenção da política monetária em campo restritivo, o baixo nível de ociosidade dos fatores de produção, a perspectiva de desaceleração da economia global e a ausência do impulso agropecuário observado em 2025.”
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na última terça-feira, o BC havia dito que a atividade econômica doméstica manteve trajetória de moderação no crescimento no período recente, assim como esperado pelo colegiado.
“A última divulgação do PIB seguiu indicando moderação de crescimento e mostrou uma redução no crescimento do consumo das famílias, que vinha em ritmo forte em função dos ganhos reais de renda. À luz de tais dados, o Comitê relembra que o arrefecimento da demanda agregada é um elemento essencial do processo de reequilíbrio entre oferta e demanda da economia e convergência da inflação à meta”, disse, na ata.
Para a autoridade monetária, a desaceleração da economia é elemento essencial para convergência da inflação à meta de 3,0%.
Atualmente, o governo espera expansão do PIB de 2,2% este ano e 2,4% em 2026. No Boletim Focus, as projeções são de 2,25% e 1,80%, respectivamente.
No relatório, o BC também atualizou sua visão sobre o grau de aquecimento da economia. Há mais de um ano, a autoridade monetária vinha revisando continuamente a estimativa de hiato do produto, que mede a ociosidade na economia, devido à percepção de um desempenho superior ao que a estrutura econômica permite – o que gera pressão inflacionária. Desta vez, contudo, a estimativa do hiato do produto para o terceiro trimestre ficou em 0,5%, mesma projeção do relatório anterior, de setembro. Para o quarto trimestre, a estimativa é de 0,2%.
“Valores positivos e decrescentes para o hiato são consistentes com a pressão inflacionária observada recentemente. Entretanto, antecipa-se uma redução do hiato para valores negativos ao longo dos próximos trimestres, atingindo -0,4% no segundo trimestre de 2027, ligeiramente superior à projeção de -0,5% para o primeiro trimestre de 2027 reportada no RPM de setembro, disse o BC, destacando o papel das condições monetárias restritivas.
O BC também revisou a projeção para o crescimento do mercado de crédito em 2025 e 2026. No geral, o avanço este ano deve ser de 9,4%, ante 8,8% em setembro. Para o ano que vem, a estimativa de expansão passou de 8,0% para 8,6%. As projeções mais elevadas refletem expectativas mais favoráveis para o crédito direcionado.
Outra atualização realizada foi em relação às contas externas. A projeção para o déficit em transações correntes (saldo de trocas do Brasil com o exterior) em 2025 agora prevê um rombo maior, de US$ 76 bilhões, contra resultado deficitário de US$ 70 bilhões antes. Para o Investimento Direto no País (IDP), principal fluxo de financiamento do déficit externo, o BC aumentou a projeção de US$ 70 bilhões para US$ 75 bilhões.
Para 2026, a estimativa de déficit em conta corrente passou de US$ 58 bilhões para US$ 60 bilhões e a previsão de entrada de IDP continuou em US$ 70 bilhões.
Fonte: O Sul