Dia Nacional do Bioma Pampa: conservação exige ações integradas
15 de dezembro de 2025
O Dia Nacional do Bioma Pampa é dia 17 de dezembro, data que oportuniza aos gaúchos refletirem sobre o valor ambiental dos campos sulinos, com toda sua dimensão cultural, social e produtiva. Mas também sobre os impactos e pressões que o bioma tem sofrido, o abandono do manejo tradicional e a intensificação de atividades que podem comprometer esse ecossistema campestre de alta diversidade.
O Pampa, que se estende pelo Uruguai e Argentina, além do Rio Grande do Sul, é caracterizado principalmente por formações campestres, os campos nativos, mas apresenta grande variedade de espécies vegetais, muitas com potencial forrageiro, ideais para a produção pecuária.
De acordo com a extensionista Thaís Michel, coordenadora de projetos ambientais, principalmente referente à restauração campestre e florestal, da Emater/RS-Ascar, a Instituição atua ao lado das famílias rurais para qualificar o manejo, recuperar áreas degradadas e fortalecer práticas produtivas sustentáveis.
A orientação técnica inclui pastoreio rotativo, ajuste da carga animal, controle de espécies invasoras, manejo de áreas hídricas e proteção do solo, sempre considerando a realidade das propriedades e o conhecimento local, contribuindo com a execução de políticas públicas voltadas à conservação do Pampa.
“A conservação do Bioma envolve também o reconhecimento dos povos e comunidades tradicionais que o habitam, como indígenas, quilombolas e os pecuaristas familiares, que conferem a identidade cultural gaúcha, e sua relação com os costumes enraizados em um conhecimento ancestral sobre o uso e o manejo dos campos”, avalia Thaís, ao destacar que o objetivo da ação extensionista é restaurar áreas degradadas e manter as áreas conservadas.
Mas o Pampa enfrenta pressões significativas, como mudanças no uso do solo, invasões biológicas, abandono do manejo tradicional e intensificação de atividades que podem comprometer a integridade dos campos. “Por isso, a conservação e o uso sustentável do bioma exigem ações técnicas, políticas e comunitárias integradas”, defende a extensionista.
Pressões e alterações
“Apesar de sua importância, o Pampa enfrenta sérias ameaças”, diz Thaís, ao citar estudos que indicam que 44% do Bioma já foi convertido para áreas de lavoura ou plantio florestal. “Restam apenas 34% de áreas com vegetação nativa, que também sofrem com degradação, resultante do manejo inadequado e da superpopulação de animais”, avalia.
Segundo ela, a invasão do capim-annoni, entre outras espécies invasoras, representa um desafio adicional, com estimativas de mais de um milhão de hectares afetados. “A conversão de áreas para a agricultura, como a soja e o arroz, dificulta a recuperação dos campos nativos. O custo para restaurar essas áreas é elevado, e o mercado de sementes nativas ainda é incipiente”, lamenta a extensionista.
Ao reconhecer a importância do Bioma, a Emater/RS-Ascar concentra esforços em ações, projetos e no aprimoramento do monitoramento das áreas, utilizando ferramentas, como drones, geoprocessamento e indicadores ecológicos e produtivos, que auxiliam no planejamento e monitoramento das áreas, qualificando o trabalho e apoiando os extensionistas de campo.
“Projetos estruturantes em parceria com órgãos ambientais, universidades e instituições de pesquisa reforçam essa atuação, ampliando a capacidade de intervenção e contribuindo para políticas públicas voltadas ao Pampa, para que a celebração do Dia Nacional do Bioma Pampa seja um motivo de orgulho e esperança”, finaliza Thaís.
Fonte: Correio do Povo