Presidentes da Câmara e do Senado faltam à sanção de lei do IR e expõem mal-estar com o governo
26 de novembro de 2025
A cerimônia de sanção da lei que amplia a isenção do Imposto de Renda, realizada nesta quarta-feira (26) no Palácio do Planalto, evidenciou o distanciamento entre o governo Lula e o comando do Congresso Nacional. Nem o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nem o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), compareceram ao evento — ausência que simboliza a piora do clima político entre Executivo e Legislativo.
Motta justificou compromissos internos e evitou críticas públicas, preferindo se manifestar pelas redes sociais. Em uma publicação, destacou o “trabalho conjunto entre os Poderes” e afirmou que a Câmara aprimorou o texto ao ampliar a redução da alíquota para rendas de até R$ 7.350. Nos bastidores, porém, o parlamentar vive semanas de atrito com o governo, especialmente após o desgaste com o líder do PT, Lindbergh Farias, durante o debate do projeto antifacção. O rompimento foi declarado após trocas de acusações sobre a condução da pauta.
Já a ausência de Alcolumbre foi interpretada como um gesto político. Segundo fontes do Senado, “não havia clima” para que o presidente da Casa participasse da cerimônia. O senador ainda não retomou o diálogo com o líder do PT, Jaques Wagner, depois da crise gerada pela indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal — movimento que contrariou os interesses da ala majoritária do Senado, que trabalhava pela escolha de Rodrigo Pacheco.
Enquanto os dois presidentes do Congresso se mantiveram afastados, Lula sancionou a lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e estabelece descontos para rendas de até R$ 7.350. O governo estima que cerca de 15 milhões de brasileiros serão retirados da base de contribuintes. A legislação também eleva a taxação sobre altas rendas, a partir de R$ 600 mil anuais.