Boa relação entre EUA e China melhora os preços da soja
21 de novembro de 2025
O mercado da soja na Bolsa de Chicago tem reagido positivamente às relações mais amistosas entre os Estados Unidos e China após os impasses com o “tarifaço” de Trump contra Pequim. Na segunda-feira, a alta da commodity chegou a 33 centavos, para US$ 11,57 o bushel na venda futura para janeiro de 2026.
“O mercado de soja tem sido muito movimentado pela relação entre China e EUA. Relatos de vendas e cargas mais consideráveis de soja norte-americana para a China, o que explica a alta significativa”, explica a situação Ana Luiza Lodi, Especialista de Inteligência de Mercado da StoneX. Mas na terça-feira as cotações já apresentam uma leve queda (para US$ 11,50), num movimento de acomodação após os ganhos de segunda, avalia Ana Luiza.
“Na terça e na quarta, os futuros da soja em Chicago recuaram. Mesmo com a continuidade dos anúncios de vendas de soja dos EUA para a China, o mercado ainda está cauteloso quanto aos volumes”, descreve. “Ainda falta muita soja a ser negociada para se atingir as 12 milhões de toneladas que estariam previstas até o começo de 2026 no acordo entre os dois países”.
E as cotações podem manter a trajetória de alta. “A possibilidade de subir mais depende de a China continuar comprando maiores volumes de soja dos EUA, o que não faz muito sentido ao se levar em conta que a soja brasileira está mais competitiva. De maneira geral, o balanço de oferta e demanda de soja continua bastante confortável”, complementa.
A subida no início da semana provocou efeitos no mercado brasileiro.
“Com a alta em Chicago, os prêmios no Brasil recuam, o que foi observado após a forte alta de segunda Essa situação contribui para manter a soja brasileira competitiva, mesmo num momento de entressafra por aqui”, complementa.
A especialista ainda avaliou o momento econômico por que passam os produtores brasileiros, sobretudo em relação às vendas futuras. “O produtor, no geral, está bem capitalizado e consegue segurar um pouco as vendas, esperando os melhores momentos de CBOT, prêmio e câmbio para negociar”, descreve.
“Mas o lado vendedor também observa o mercado e ajuda a explicar a negociação mais travada, diante da expectativa de uma nova safra recorde no Brasil, aumentando a disponibilidade no começo do ano, pressionando preços e, lembrando que o Brasil não tem armazenagem suficiente”, acrescenta Ana Luiza.
Expectativa de mais subida
Na semana passada, segundo a consultoria Safras & Mercado, os preços do grão no mercado brasileiro apresentaram poucas oscilações, período também marcado por uma discreta melhora na comercialização. A semana teve estabilidade nos prêmios, contratos futuros subindo em Chicago e dólar perdendo valor frente ao real.
“Mesmo com Chicago positivo, há um spread elevado entre as bases de compra e venda, o que prejudica a retomada dos negócios com mais força. Os produtores estão apostando em cotações ainda melhores e seguram a oferta, com as atenções voltadas para o desenvolvimento das lavouras”, destacou a consultoria.
Segundo Safras & Mercado, o término da paralisação do governo americano trouxe impulso ao mercado, em decorrência da menor aversão ao risco no financeiro, colaborando pela procura de investimentos como as commodities. E houve a retomada da divulgação de importantes dados do agro americano, como, na sexta-feira, do relatório de novembro de oferta e demanda.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) vai divulgar um compilado com as vendas diárias realizadas por exportadores privados durante o período da paralisação. “Os agentes procuram por sinais de como se comportou a compra por parte dos chineses, principalmente após o acordo anunciado entre Pequim e Washington, que envolvia a promessa de compra de 12 milhões de toneladas de soja americana por parte dos asiáticos. Há ainda muitas dúvidas sobre essa retomada”, explicou a consultoria.
Fonte: Correio do Povo