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STF forma maioria para manter nomeação de parentes em cargos políticos

Política

24 de outubro de 2025

STF forma maioria para manter nomeação de parentes em cargos políticos
Julgamento termina na semana que vem; decisão sobre lei de cidade do interior de SP se aplicará a outros casos
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para validar a nomeação de parentes para cargos de natureza política. Até o momento, o placar é de 6 votos a 1 a favor da manutenção do entendimento. Apesar da maioria, o julgamento foi suspenso e será retomado na próxima quarta-feira (29).

Entenda o caso

A discussão tem origem na Súmula Vinculante 13, aprovada pela Corte em 2008. A súmula proibiu o nepotismo na administração pública, barrando a nomeação de cônjuges, companheiros ou parentes até o terceiro grau para cargos públicos em comissão ou de confiança.

No entanto, depois da publicação da súmula, em diferentes ocasiões, a Corte deu decisões reconhecendo uma exceção ao texto da súmula. Com essa exceção, as decisões passaram a permitir a nomeação para cargos políticos, como os postos de ministros e secretários estaduais e municipais. Porém, as decisões não foram dadas sob Repercussão Geral (quando todas as instâncias do Judiciário são obrigadas a seguir o entendimento da Corte).

O tema voltou à pauta depois que, em 2013, o município de Tupã, em São Paulo, publicou uma lei alterando a legislação vigente. Com a mudança, o município passou a aceitar a indicação de parentes para o cargo de secretário municipal.

Contudo, a lei foi contestada pelo MPF (Ministério Público Federal), que apresentou uma ação no TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) contra a nova lei.

No julgamento, o TJSP entendeu que a alteração feita pelo município não seguia o que era previsto na súmula. O município paulista alegou que havia seguido os entendimentos do próprio STF, sendo esses posteriores à publicação da súmula. Como as decisões não eram de Repercussão Geral, o TJ não era obrigado a aplicar esse entendimento.

Votos

Relator do caso, o ministro Luiz Fux votou para validar a lei municipal de Tupã. O magistrado ainda sugeriu uma tese para permitir a indicação de parentes para cargos políticos.

Para Fux, o chefe do Executivo tem a prerrogativa de escolher seus auxiliares políticos, desde que sejam respeitados critérios de qualificação técnica e que não haja nepotismo cruzado.

“A mensagem do Supremo é que a regra é a possibilidade; a exceção é a impossibilidade. Não é uma carta de alforria para nomear quem quer que seja”, afirmou Fux.

O voto do relator foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli.

Em 2018, antes de a Corte realizar o julgamento no mérito, os ministros decidiram que, nesse caso, haveria Repercussão Geral, fazendo com que o entendimento do Supremo seja aplicado pelas demais instâncias do Poder Judiciário.

Até o momento, o ministro Flávio Dino foi o único a divergir. Ele criticou a possibilidade de nomeação de parentes e afirmou que “legalidade e afeto não se combinam”.

“Uma reunião de governo não pode ser um almoço de domingo. Isso é bonito na família, no jardim, mas não na praça pública. No espaço público, é preciso coerência nas regras”, escreveu.

A ministra Cármen Lúcia ainda não votou, mas se manifestou sobre o tema. Segundo ela, o cumprimento do princípio da impessoalidade é um desafio constante.

“A esposa vai para o Tribunal de Contas para aprovar ou não as contas do próprio marido, que foi titular do Executivo. Isso é completamente contrário ao que discutimos, embora seja um cargo político”, observou.

Os ministros Edson Fachin, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia devem apresentar seus votos na próxima sessão.

Fonte: CNN