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Crise global de chips ameaça paralisar montadoras no Brasil em semanas, alerta associação

Mundo, Tecnologia

24 de outubro de 2025

Crise global de chips ameaça paralisar montadoras no Brasil em semanas, alerta associação
A paralisação também preocupa mercados na Europa
Foto: ABr

Um conflito entre a Holanda e a China pela gestão de uma empresa fabricante de chips está preocupando o setor automotivo do Brasil, que teme novas paralisações em montadoras de carros por falta de semicondutores.

Representantes do setor, montadoras e o governo federal emitiram notas falando sobre os possíveis impactos nas fábricas em solo brasileiro já nas próximas semanas.

A preocupação global teve início após o governo holandês assumir o controle da Nexperia — empresa de capital chinês — no mês passado, alegando preocupações com a propriedade intelectual. Ao mesmo tempo, a China passou a restringir a exportação de produtos essenciais para as montadoras em todo o mundo, como os chips e semicondutores.

A possível escassez de chips e semicondutores, por causa da limitação das exportações da empresa, preocupa o Brasil, mas também países da Europa. Nesta semana, a Volkswagen informou que prevê paralisações na Alemanha, por exemplo.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) informou que “está atenta e preocupada com o risco de paralisação da produção de veículos no país devido à escassez crítica de semicondutores”.

Ainda segundo a entidade, o impacto nas fábricas do Brasil pode chegar em algumas semanas e pode ser semelhante ao do período da pandemia de Covid-19, quando fábricas ficaram fechadas, houve layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e demissões.

Diante da nova crise prevista no setor, a Anfavea pediu apoio ao governo federal para evitar grandes impactos na indústria nacional. A entidade destaca que o setor emprega mais de 1,3 milhão de pessoas no Brasil.

“Arrisca parar montadoras no Brasil. Um veículo moderno usa, em média, de 1 mil a 3 mil chips. Sem esses componentes, as fabricantes não conseguem manter a linha de produção em andamento”, informou a Anfavea em nota.

“A atual crise remete a um cenário semelhante ao vivido durante a pandemia. O impacto da falta de semicondutores vai além do setor automotivo, afetando uma gama de segmentos industriais que dependem desses componentes. Nesse sentido, a Anfavea já alertou o governo federal para que tome medidas rápidas e decisivas para evitar o desabastecimento de semicondutores no país”, completou a Anfavea.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços afirmou que “o governo brasileiro está acompanhando os eventuais efeitos de interrupções da cadeia global de suprimento de semicondutores e está em diálogo com a indústria brasileira para buscar soluções que evitem danos às empresas e aos empregos”.

Montadoras como a Hyundai e Renault admitiram preocupação com o cenário de escassez de peças essenciais para a produção de veículos.

A Renault, montadora francesa que conta com duas fábricas no complexo Industrial Ayrton Senna (CAS), em São José dos Pinhais (PR), disse que estabeleceu uma unidade de monitoramento e que está em contato diário com fornecedores, que buscam soluções alternativas para garantir a continuidade da produção.

Ainda segundo a Renault, “neste momento, o impacto potencial permanece limitado, e os lançamentos atuais não serão afetados, mas todo o setor permanece em estado de alerta”.

Já a Hyundai, indústria automotiva da Coreia do Sul com fábrica em Piracicaba (SP), informou que “está atenta aos acontecimentos internacionais que afetam, em algumas regiões, o abastecimento de chips e semicondutores eletrônicos”. A empresa reforçou que, “até este momento, não há risco de interrupção da produção na fábrica de Piracicaba (SP).”

A Volvo, empresa sueca que produz caminhões e ônibus em Curitiba (PR), Pederneiras (SP) e São José dos Pinhais (PR), disse que “está monitorando de perto essa questão” e iniciou “o mapeamento da cadeia de fornecedores para avaliar eventual impacto”.

A BYD, que tem fábrica na Bahia, informou que, pela estratégia de integração vertical, produzindo internamente a maior parte dos componentes essenciais, o abastecimento de semicondutores não será afetado na planta.

A montadora Nissan, com planta em Resende (RJ), e a Caoa, com sede no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA), em Goiás, salientaram que não vão comentar o assunto.

Fonte: O Sul