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Rio Grande do Sul recebe primeiro lote de antídoto para intoxicação por metanol

Estado, Saúde

10 de outubro de 2025

Rio Grande do Sul recebe primeiro lote de antídoto para intoxicação por metanol
Medicamento, considerado raro e de alto custo, atua bloqueando uma enzima do fígado
Foto: Guga Stefanello/Ascom SES

O Rio Grande do Sul recebeu nesta sexta-feira (10/10) o primeiro lote do antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol – substância tóxica que pode estar presente em bebidas alcoólicas adulteradas. Ao todo, foram entregues 80 ampolas do medicamento ao Estado, que agora passa a contar com mais uma ferramenta para o atendimento rápido e eficaz de pacientes com suspeita de intoxicação. 

O envio foi realizado pelo Ministério da Saúde como parte de uma ação emergencial para enfrentar os casos registrados em diversas regiões do país. Estão sendo distribuídas 1.500 ampolas a 11 Estados que registraram ocorrências suspeitas ou confirmadas. Adicionalmente, será mantido um estoque estratégico no almoxarifado central do Ministério da Saúde, com 1.100 ampolas (incluindo 100 frascos doados pelo fabricante). Os Estados poderão solicitar novas remessas conforme a necessidade e o surgimento ou aumento de casos. 

No Rio Grande do Sul, o lote será estocado pela Secretaria da Saúde (SES) no Centro de Informação Toxicológica (CIT), que atua como referência estadual em casos de intoxicação. O centro está disponível pelo telefone 0800 721 3000 e deve ser acionado imediatamente pelos serviços de saúde após a identificação de casos suspeitos, para orientação especializada e apoio no manejo clínico imediato, conforme o fluxograma de atendimento. Se necessário, e conforme avaliação técnica, a SES fará o envio do medicamento até o local onde está ocorrendo o atendimento. 

Segundo a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, a distribuição do medicamento aos hospitais dependerá do quadro clínico e da necessidade de cada paciente. “Haverá uma avaliação criteriosa que os médicos do CIT irão realizar em cada caso. Teremos um veículo da secretaria à disposição para fazer o medicamento chegar ao interior ou aonde mais for necessário, o mais rapidamente possível”, afirmou. 

Sobre o medicamento

O fomepizol é considerado um medicamento raro e de alto custo, sendo utilizado em casos graves de intoxicação por metanol. Sua chegada ao Brasil foi viabilizada por meio de uma negociação internacional com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Além do fomepizol, o Sistema Único de Saúde (SUS) já conta com o etanol farmacêutico como alternativa de tratamento, administrado ainda na suspeita de intoxicação. Com a incorporação do novo antídoto, o SUS amplia sua capacidade de resposta diante da emergência sanitária. 

Como o antídoto age no organismo 

O fomepizol é apresentado em ampolas de 1,5 mL, contendo 1 g/mL da substância ativa. O medicamento atua bloqueando uma enzima do fígado chamada álcool desidrogenase, responsável por transformar o metanol em uma substância extremamente tóxica: o ácido fórmico. 

Essa transformação é o que provoca os efeitos mais graves da intoxicação, como cegueira, danos ao cérebro e até a morte. Ao impedir essa reação química, o fomepizol evita que o metanol se torne perigoso, permitindo que o corpo elimine a substância de forma segura. Esse bloqueio é chamado de inibição competitiva, o que significa que o fomepizol “entra na frente” do metanol e impede que ele seja processado pelo organismo de maneira tóxica. 

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Fomepizol é apresentado em ampolas de 1,5 mL, contendo 1 g/mL da substância ativa – Foto: Rafael Nascimento/MS

Além do fomepizol, o etanol farmacêutico já é utilizado como opção de tratamento. Ele também age impedindo que o metanol seja transformado em ácido fórmico, mas de forma diferente: o paciente recebe doses controladas de álcool, que competem com o metanol no organismo. Esse tratamento exige monitoramento médico rigoroso e, em muitos casos, é combinado com hemodiálise, que ajuda a filtrar o sangue e eliminar o metanol. 

Um caso confirmado e seis em investigação no RS 

Até o final da tarde de quinta-feira (9/10), o Rio Grande do Sul havia registrado um caso confirmado de intoxicação por metanol, em um homem residente de Porto Alegre, que consumiu bebida alcoólica durante viagem a São Paulo. 

Outros seis casos suspeitos seguem em investigação nos municípios de Bento Gonçalves, Torres, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Viamão e Porto Alegre – este último envolvendo um paciente residente de Roraima. 

Sintomas e cuidados em casos de intoxicação por metanol 

Os principais sintomas de intoxicação por metanol podem surgir entre seis e 72 horas após a ingestão e incluem: 

  • dor abdominal; 
  • alterações na visão (como visão embaçada ou turva); 
  • confusão mental; 
  • e náusea. 

Esses sinais podem ser confundidos com os de uma ressaca comum, o que dificulta a identificação precoce. Por isso, ao perceber qualquer um desses sintomas após o consumo de bebida alcoólica, é fundamental procurar imediatamente atendimento médico em uma unidade de emergência. 

Ao chegar ao serviço de saúde, é essencial informar: 

  • que houve consumo de bebida alcoólica; 
  • o contexto em que ocorreu (por exemplo, festa, bar, evento); 
  • o tipo de bebida ingerida; 
  • se havia ou não rótulo na embalagem; 
  • e o horário aproximado da ingestão. 

Essas informações são importantes para ajudar os profissionais de saúde na investigação, no diagnóstico e no tratamento adequados. 

RS passa a contar com mais uma ferramenta para o atendimento rápido e eficaz de pacientes com suspeita de intoxicação
RS passa a contar com mais uma ferramenta para atendimento rápido e eficaz de pacientes com suspeita de intoxicação – Foto: Mauro Nascimento/Secom

Como identificar se a bebida é segura 

Para evitar o risco de intoxicação, é importante observar alguns sinais que indicam se a bebida pode ser falsificada ou adulterada: 

  • Tampa e lacre: evite produtos com lacre rompido, amassado ou sem selo de controle (como o selo do IPI). 
  • Líquido: desconfie de bebidas com cor estranha, presença de resíduos ou nível de enchimento irregular. 
  • Rótulo: atenção a erros de grafia, impressão de baixa qualidade, desalinhamento ou ausência de informações em português. 
  • Preço: se estiver muito abaixo do valor normalmente praticado, desconfie. 
  • Local de compra: prefira estabelecimentos regularizados e exija sempre a nota fiscal. 

Fonte: Estado do RS