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Em nove anos, Força Aérea Brasileira realiza 1,9 mil missões de transporte de órgãos

Brasil, Saúde

27 de setembro de 2025

Em nove anos, Força Aérea Brasileira realiza 1,9 mil missões de transporte de órgãos
Transporte da FAB é fundamental para que os órgãos cheguem ao destino com rapidez e segurança
Foto: CB André Feitosa / FAB

A esperança de uma nova vida nasce da solidariedade. É esse sentimento que guia o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, uma data que simboliza amor ao próximo e renovação de histórias. Para milhares de brasileiros que aguardam por um transplante, cada doação representa a chance de recomeçar. Nesse cenário, a Força Aérea Brasileira (FAB) desempenha papel essencial, assegurando que órgãos, tecidos e equipes médicas cheguem com rapidez e segurança ao seu destino.

Entre 2016 e setembro de 2025, a FAB realizou 1.988 missões de Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes (TOTEQ), totalizando 10.926 horas e 45 minutos de voo. Essas missões possibilitaram o transporte de 2.400 órgãos. Os mais frequentes foram fígado (1.130) e coração (704), seguidos por rins (335), pulmões (136), pâncreas (45), baço (24), linfonodos (13), tecidos ósseos (9) e córneas (4). Somente em 2025, foram transportados 196 órgãos, com 175 solicitações recebidas e um total de 1.140 horas e 45 minutos de voo realizadas.

Em 2024, o Sexto Esquadrão de Transporte Aéreo (6º ETA) – Esquadrão Guará, de Brasília (DF), alcançou um marco histórico ao transportar o 2.000º órgão pela Força Aérea Brasileira. Nessa missão, foram transportados dois rins e um fígado. Atualmente, é a unidade aérea que mais realiza esse tipo de missão, contando com quatro aeronaves distintas: C-95 Bandeirante, C-97 Brasília, C-98 Caravan e U-100 Phenom – sendo o U-100 Phenom o mais empregado nessas operações pelo Esquadrão.

“Essa é uma das missões mais nobres da FAB, porque representa salvar vidas e servir diretamente à população brasileira, além de mostrar nossa operacionalidade, pronta resposta, mobilidade e alcance. Para nós, é motivo de orgulho e reforça o compromisso da Força Aérea com a saúde pública e com o bem-estar da sociedade”, destacou o Comandante do 6º ETA, Tenente-Coronel Aviador Daniel Rodrigues Oliveira.

U-100 Phenom

Entre as aeronaves da Força Aérea Brasileira que realizam missão TOTEQ, O U-100 Phenom se destaca pela agilidade, eficiência e pelo maior número de missões realizadas no 6º ETA.

Com 12,30 metros de envergadura e 12,70 metros de comprimento, possui peso máximo de decolagem de 4.855 quilos, alcançando uma velocidade máxima de 390 nós (722 km/h). Capaz de voar a um teto de serviço de 41 mil pés (12.500 metros), o modelo combina tecnologia e desempenho, garantindo rapidez e segurança no transporte aéreo da FAB.

C-97 Brasília

O C-97 Brasília é a aeronave mais empregada em missões de transporte de órgãos em todo o Brasil. Com 19,78 metros de envergadura e 20,07 metros de comprimento, possui peso máximo de decolagem de 11.990 quilos, permitindo o transporte eficiente de cargas e passageiros. Alcança velocidade máxima de 328 nós (608 km/h) e pode operar a até 32 mil pés de altitude (9.754 metros), desempenhando papel essencial no apoio à saúde e no salvamento de vidas.

Aos 31 anos, Lorraine Cândida Lopes carrega no peito uma história de superação e gratidão. Diagnosticada com insuficiência cardíaca ainda na adolescência, ela enfrentou mais de uma década de tratamentos intensos até receber, em fevereiro de 2024, por meio do transporte do 6º ETA, um novo coração que lhe devolveu a qualidade de vida. Lorraine descobriu a insuficiência cardíaca aos 17 anos, em 2011, e durante 13 anos conviveu com a doença, utilizando um Cardioversor Desfibrilador Implantável (CDI) que a ajudou a se manter estável nesse longo período. Hoje, ela compartilha seu relato para mostrar como a doação de órgãos pode transformar vidas.

“Em 2023, sofri um infarto e já fui preparada para a listagem do transplante cardíaco. No início, aguardei em casa, mas no fim de dezembro de 2023 precisei ser internada e não saí mais do hospital. Fiquei na Unidade de Terapia Intensiva e com o tempo foi necessário usar dobutamina, uma medicação para ajudar o coração a bombear sangue. O meu órgão chegou no dia 5 de fevereiro de 2024. Depois da cirurgia, consigo andar, tomar banho, me alimentar e até beber água sem restrições. A respiração muda, a qualidade de vida muda completamente. E tudo isso só foi possível porque uma família disse ‘sim’. Graças a essa decisão, hoje estou aqui podendo falar para vocês que a doação de órgãos salva vidas e devolve esperança para quem já não acreditava mais que poderia viver”, contou.

Cadeia de Acionamento

A missão de Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes (TOTEQ) começa quando a Central Nacional de Transplantes (CNT) é informada sobre a disponibilidade de um órgão. Após verificar a logística com companhias aéreas comerciais, a CNT aciona a FAB sempre que necessário. A pronta-resposta da Força Aérea é decisiva para o sucesso dessas operações. Em Brasília (DF), o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE) avalia qual unidade aérea será empregada, garantindo que cada minuto seja aproveitado em favor da vida.

Aparato Legal

Esse trabalho é amparado pelo Decreto nº 9.175/2017, que estabelece a obrigação de a FAB manter uma aeronave disponível para atender às demandas do Ministério da Saúde (MS). Além disso, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) conta com o apoio da Força Aérea para o transporte de equipes médicas, que podem ser mobilizadas em menos de duas horas para realizar a coleta de órgãos. O Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), pertencente ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), atua na coordenação da distribuição aérea dos órgãos em todo o Brasil, garantindo integração e eficiência.

Fonte: Correio do Povo