Copom reforça Selic em 15% por ‘período prolongado’ e pede perseverança para reancorar expectativas
23 de setembro de 2025

O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) indicou, em ata divulgada nesta terça-feira (23), que a taxa básica de juros (Selic) deve permanecer em 15% ao ano por um período “bastante prolongado”. O colegiado avalia que a manutenção de juros elevados é necessária para reancorar as expectativas de inflação e garantir a convergência da taxa ao centro da meta de 3%. Na reunião da semana passada, o comitê manteve a Selic em 15% pela segunda vez consecutiva, o maior patamar desde 2006.
Segundo a ata, mesmo com sinais recentes de moderação da atividade econômica e inflação corrente mais favorável, as projeções do mercado ainda seguem acima da meta em todos os horizontes. Para 2025, o Boletim Focus projeta inflação de 4,83%, caindo para 3,70% em 2028. “O comitê avalia que a reancoragem das expectativas de inflação reduz os custos da desinflação e entende que tal processo exige perseverança, firmeza e serenidade”, afirmou o documento.
O Copom destacou que a economia brasileira dá sinais de desaceleração em linha com o esperado, com consumo e crédito em ritmo mais moderado. Apesar disso, núcleos de inflação — que captam tendências futuras — seguem acima do nível compatível com a meta, o que justifica a política monetária restritiva. No cenário externo, a redução de juros nos Estados Unidos trouxe algum alívio aos mercados, mas a autoridade monetária brasileira vê riscos persistentes, como o impacto de tarifas impostas por Washington e a situação fiscal de países desenvolvidos.
A ata reforça que o Banco Central não cogita cortes de juros no curto prazo e que, se necessário, poderá retomar o ciclo de alta. O documento também ressalta a necessidade de coordenação entre política fiscal e monetária para reduzir prêmios de risco e facilitar a convergência inflacionária. Analistas avaliaram que o tom duro do Copom reforça a ideia de estabilidade da Selic ao longo de 2025.
É possível que redução de juros só comece em janeiro de 2026, com a taxa podendo encerrar aquele ano em 12%. Enquanto o BC defende cautela e persistência no combate à inflação, o Ministério da Fazenda demonstra preocupação com os efeitos da política monetária restritiva sobre o crescimento e a arrecadação de impostos.
Fonte: Jovem Pan