Filha de Kim Jong-un aparece em desfile militar na China
03 de setembro de 2025

Quando o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, desceu de seu trem blindado verde em Pequim na terça-feira (2), recebido por oficiais chineses que apertavam sua mão e o conduziam por um tapete vermelho, muitos observadores notaram uma jovem garota caminhando atrás dele, sorrindo educadamente, vestida de preto com o cabelo preso em um laço.
Acredita-se que essa seja Kim Ju Ae, a misteriosa filha do líder.
Ela tem feito várias aparições públicas ao longo dos anos, principalmente em eventos militares, provocando especulações sobre o motivo da presença em Pequim e se Kim poderia estar preparando sua futura sucessora.
A primeira viagem internacional da jovem tem um significado imenso, em um desfile onde o líder chinês Xi Jinping exibirá forças militares, e onde seu pai estará lado a lado com outros líderes, incluindo Xi e o presidente russo Vladimir Putin – parcerias que ela poderá muito bem precisar administrar um dia.
A criança não foi vista nesta quarta-feira (3) quando seu pai caminhou pelo tapete vermelho na Praça Tiananmen, em Pequim antes do desfile militar de Xi.
Pouco se sabe sobre a filha de Kim, cuja primeira aparição pública em 2022 confirmou sua existência, após anos de especulação.
A estrela americana do basquete Dennis Rodman revelou que Kim tinha uma bebê chamada Ju Ae quando visitou Pyongyang em 2013, dizendo posteriormente ao jornal britânico The Guardian: “Eu segurei a bebê Ju Ae deles e também conversei com a esposa (de Kim)”.
Há diferentes relatos sobre a idade exata e o ano de nascimento de Ju Ae; estima-se amplamente que ela esteja agora na pré-adolescência ou início da adolescência, embora isso seja baseado principalmente no testemunho de Rodman, e não está claro quantos meses ela tinha quando ele conheceu a família.
A filha de Kim foi apresentada ao mundo no verdadeiro estilo Kim em 2022, acompanhando seu pai enquanto ele supervisionava o lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM).
Várias outras aparições públicas ocorreram em 2023 – principalmente em eventos militares, como um desfile militar onde ela observou fileiras de ICBMs (mísseis balísticos intercontinentais) na capital Pyongyang.
Na época, especialistas disseram que a presença dela nesses eventos enviava uma mensagem clara: que a Coreia do Norte manteria firmemente as armas, incluindo o programa nuclear, e que o clã Kim permaneceria no centro do poder militar do país.
“Ao incluir ostensivamente a esposa e a filha, Kim quer que observadores internos e externos vejam a dinastia familiar e o exército norte-coreano como irrevogavelmente ligados”, afirmou Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul, na Coreia do Sul, após o desfile de 2023.
Dinastia Kim na Coreia do Norte
A Coreia do Norte tem sido governada como uma ditadura hereditária desde sua fundação em 1948 por Kim Il Sung. O filho, Kim Jong Il, assumiu após a morte do pai em 1994, e Kim Jong-un assumiu o poder 17 anos depois quando Kim Jong Il morreu.
Dada a importância da dinastia familiar, a estreia pública da filha de Kim provocou debate sobre se ela poderia estar sendo preparada como sucessora – com opiniões divergentes entre especialistas.
Alguns apontaram para a forma como ela é retratada na mídia estatal norte-coreana – descrita como “amada” e “respeitada” – como um sinal de que ela pode ter status especial.
Levá-la a eventos militares desde cedo poderia ser uma forma de prepará-la para as realidades de liderar 1,3 milhão de militares, além de cultivar confiança e respeito dessas tropas, dizem especialistas.
Mas outros são céticos – dizendo que há muito acreditam que os outros dois filhos de Kim Jong-un seriam escolhidos como sucessores.
Suas aparições públicas também poderiam ser uma jogada de relações públicas para cultivar uma imagem de Kim como um “homem de família” ou figura “paternal”, afirmou Jenny Town, pesquisadora sênior do Centro Stimson e diretora do Programa Coreia do centro, em uma entrevista à CNN em 2024.
Ela ressaltou que faria sentido Kim usar a filha para esse propósito em vez de seus filhos, porque Rodman já havia revelado sua existência ao mundo – enquanto ainda menos se sabe sobre supostos irmãos, que ainda podem crescer longe dos holofotes.
Por exemplo, o próprio Kim Jong-un estudou na Suíça nos anos 1990 – mas sua filha “é muito conhecida agora, ela nunca poderá estudar no exterior”, falou Town.
Fonte: CNN