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Produtor aponta novas oportunidades para o milho com expansão do etanol

Agronegócio

02 de setembro de 2025

Produtor aponta novas oportunidades para o milho com expansão do etanol
Foto: Todd Trapani

O produtor rural Fernando Trennepohl analisou, em entrevista ao Grupo Ceres de Comunicação, os desafios do agronegócio no Brasil e trouxe percepções da sua recente viagem aos Estados Unidos. Segundo ele, o setor enfrenta uma “tempestade perfeita”, marcada por perdas de safra, queda nos preços das commodities, endividamento crescente dos agricultores e aumento das taxas de juros.

“Nos últimos cinco anos, no Rio Grande do Sul, tivemos quatro safras prejudicadas pela estiagem. Ao mesmo tempo, a soja caiu de preço e a dívida dos produtores aumentou, somando-se ao peso dos juros”, destacou.

Trennepohl ressaltou que os Estados Unidos devem colher uma safra recorde de grãos, passando de 400 milhões de toneladas, graças ao clima favorável e à tecnologia aplicada. “Esse cenário reforça que não há perspectiva de alta de preços para trazer alívio imediato ao produtor brasileiro”, avaliou.

Ele alertou ainda para tensões comerciais entre Brasil e EUA, que podem afetar a comercialização internacional, especialmente diante da postura americana em relação ao comércio com a Rússia.

No Rio Grande do Sul, o momento é considerado positivo para o plantio. “As condições estão excelentes. Quem aproveitou essa janela de tempo deve concluir o plantio antes da chuva prevista. Historicamente, é uma boa oportunidade”, explicou.

Novo papel do milho com o etanol

O produtor também destacou a transformação no mercado a partir da expansão das usinas de etanol à base de milho, especialmente no Centro-Oeste. Esse movimento reduziu o fluxo do cereal barato vindo do Mato Grosso para o Sul e abriu espaço para um subproduto cada vez mais valorizado: o DDG (Dried Distiller’s Grains), usado na alimentação animal.

“O DDG já compete de igual para igual com o farelo de soja em termos de preço e qualidade. Isso mantém o milho no Brasil, garante margens altas para a indústria e sustenta o mercado, mesmo com safra recorde nos Estados Unidos”, explicou.

Para Trennepohl, a diversificação é fundamental para atravessar os momentos de instabilidade. “O milho tem mais risco climático que a soja, mas também pode oferecer mais estabilidade de preço. Diversificar reduz o risco de perder tudo em um único cultivo”, completou.