Sábado, 23 de Agosto de 2025

Sábado
23 Agosto 2025

Tempo agora

Tempo nublado 9
Tempo nublado 23°C | 8°C
Chuva
Dom 24/08 8°C | 6°C
Chuvas esparsas
Seg 25/08 11°C | 6°C

Base secreta de mísseis na Coreia do Norte representa ameaça para os EUA

Mundo

23 de agosto de 2025

Base secreta de mísseis na Coreia do Norte representa ameaça para os EUA
O líder norte-coreano Kim Jong Un em uma coletiva de imprensa em Pyongyang em 19 de junho de 2024 durante a visita do presidente russo Vladmir Putin
Foto: Contributor/Getty Images/File via CNN Newsource

A Coreia do Norte possui uma base secreta de mísseis, até então não divulgada, perto da fronteira norte com a China, que pode representar uma “ameaça nuclear potencial” para grande parte do Leste Asiático e para os Estados Unidos, de acordo com um novo relatório divulgado na quarta-feira (20).

A base de mísseis de Sinpung-dong está localizada a apenas 27 quilômetros da fronteira com a China.

Acredita-se que ela armazene até nove mísseis balísticos intercontinentais com capacidade nuclear, bem como seus lançadores móveis, segundo o relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, sediado em Washington.

O local é uma dentre as 15 a 20 bases de mísseis balísticos e instalações de armazenamento de ogivas que a Coreia do Norte nunca declarou, afirmou o relatório, que se baseou em análises de imagens de satélite, entrevistas com refugiados e autoridades norte-coreanas, documentos que se tornaram públicos e dados de código aberto.

“Esses mísseis representam uma ameaça nuclear potencial para o Leste Asiático e para os Estados Unidos”, alertou o relatório.

Uma imagem de satélite fornecida pelo Planet Labs mostra a Base Operacional de Mísseis Sinpung Dong na Coreia do Norte

A Coreia do Norte intensificou seu programa de armas nos últimos anos sob o comando do líder Kim Jong Un, modernizando rapidamente suas forças armadas, desenvolvendo novas armas e testando mísseis balísticos intercontinentais que podem atingir praticamente qualquer ponto dos Estados Unidos.

Essas ações violam as sanções das Nações Unidas que limitam rigorosamente o acesso da Coreia do Norte a materiais e armas.

Mas a nação isolada também intensificou a cooperação com a Rússia desde a invasão da Ucrânia por Moscou, enviando tropas para lutar nas linhas de frente – aumentando o receio de que a Rússia possa, em troca, ajudar a impulsionar as tecnologias e linhas de suprimento norte-coreanas.

Esta base secreta faz parte do esforço da Coreia do Norte para reforçar seu programa nuclear, diz o relatório.

Localização da base secreta

A base fica em um estreito vale montanhoso, cortado ao meio por um riacho, e mede 22 km² – maior que o Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York.

Especialistas afirmam que sua localização próxima à fronteira oferece uma vantagem geográfica – países como os Estados Unidos podem ter receio de atacá-la, já que qualquer impacto radioativo pode impactar a China.

“Ao construir bases tão perto da China, a Coreia do Norte também pode tentar alavancar o risco político e a incerteza da resposta de Pequim para dissuadir um ataque”, disse Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.

“Os formuladores de políticas dos EUA e da Coreia do Sul já estão cientes da relutância de Pyongyang em abrir mão dessas capacidades na diplomacia do desarmamento, mas o conhecimento público dessas bases pode levar mais observadores chineses a se ressentirem das tentativas norte-coreanas de envolvimento estratégico”, afirmou o professor.

A construção da base começou em 2004, de acordo com imagens de satélite, e ela está em operação desde 2014, segundo o relatório. Desde então, a base tem sido “bem mantida” e continua em desenvolvimento ativo – potencialmente refletindo os avanços contínuos nos testes de mísseis da Coreia do Norte, acrescentou Easley.

Ainda não está claro qual modelo de míssil balístico está armazenado na base – mas pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais acreditam que ele esteja equipado com o Hwasong-15 ou Hwasong-18 ou um tipo diferente que ainda não foi revelado.

O relatório também afirmou que a base possui lançadores de transporte ou lançadores móveis – que podem disparar rapidamente e se mover para uma nova posição.

“Em tempos de crise ou guerra, esses lançadores e mísseis sairão da base, encontrarão unidades especiais de armazenamento/transporte de ogivas e conduzirão operações de lançamento a partir de locais dispersos e previamente pesquisados”, afirma o relatório.

Instalações e componentes dos mísseis

O relatório também incluiu imagens de satélite que indicaram as diversas instalações da base, incluindo postos de controle de entrada, prédios da sede, armazéns, instalações de apoio a mísseis e pequenos edifícios residenciais.

Alguns deles foram deliberadamente cobertos com árvores e arbustos para esconder suas entradas, o que os torna difíceis de localizar em imagens de satélite, exceto no inverno, “quando a vegetação é escassa”, diz o relatório.

A base secreta faz parte do “cinturão de mísseis” da Coreia do Norte, composto por diversas outras bases – algumas das quais o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais publicou relatórios separados.

Esses relatórios constituem os principais componentes da “estratégia de mísseis balísticos em evolução” de Pyongyang e das crescentes capacidades de dissuasão e ataque nuclear em nível estratégico.

Acredita-se que a Coreia do Norte possua entre 40 e 50 ogivas nucleares, além de meios para lançá-las por toda a região e, potencialmente, para o território continental dos EUA.

Kim Jong Un também intensificou sua retórica nos últimos anos, prometendo fortalecer o programa nuclear do país e ameaçando usá-lo para destruir a Coreia do Sul em caso de ataque.

Fonte: CNN