Estudo aponta que diagnóstico tardio de câncer de colo de útero eleva custos e reduz chances de sobrevivência
21 de agosto de 2025

Um estudo da farmacêutica MSD Brasil revelou que o diagnóstico tardio do câncer de colo de útero aumenta não só o risco de morte das pacientes, como também gera mais custos ao Sistema Único de Saúde (SUS), exigindo internações frequentes e tratamentos complexos, como quimioterapia e radioterapia.
A pesquisa reuniu informações de 206.861 mulheres diagnosticadas com a doença entre 2014 e 2021, utilizando a base de dados pública do DataSUS. O levantamento indica que 60% dos casos no Brasil são descobertos em estágio avançado, o que amplia a necessidade de procedimentos médicos mais invasivos e onerosos.
Outro ponto levantado é o das disparidades sociais e econômicas. A maioria dos diagnósticos atinge mulheres não brancas, de baixa escolaridade e que dependem exclusivamente do sistema público de saúde. No cenário global, até 80% das mortes por câncer de colo de útero ocorrem em países de baixa e média renda, como o Brasil.
A pandemia de Covid-19 também agravou a situação. Em 2020, apenas 25,8% das pacientes passaram por cirurgia isolada, contra 39,2% entre 2014 e 2019. Além disso, houve redução de cerca de 25% nos procedimentos de radioterapia e aumento médio de 22,6% na quimioterapia isolada, reflexo das lacunas no atendimento causadas pelo colapso hospitalar.
Segundo os pesquisadores, cerca de 99% dos casos de câncer de colo de útero têm origem em infecções persistentes pelo HPV. A prevenção deve ser feita por meio da vacinação contra o vírus, de exames de rotina para rastreamento e do tratamento de lesões pré-cancerígenas. A vacina quadrivalente está disponível gratuitamente no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos, além de grupos prioritários até os 45 anos. Já na rede privada, a versão nonavalente pode ser aplicada em pessoas de 9 a 45 anos.
“O ônus econômico e social do câncer de colo de útero no Brasil é significativo. Este estudo reitera o apelo urgente por políticas públicas assertivas para ampliar a imunização e o rastreamento, reduzindo a mortalidade e os custos para o sistema de saúde”, destaca o relatório.