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Tarifaço dos EUA é “uma segunda enchente” para o Rio Grande do Sul, alerta presidente da Fiergs

Economia

22 de julho de 2025

Tarifaço dos EUA é “uma segunda enchente” para o Rio Grande do Sul, alerta presidente da Fiergs
Foto: Divulgação

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) alertou o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, sobre o risco de até 145 mil demissões no estado em razão da tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A reunião ocorreu na tarde de segunda-feira, dia 21, em Brasília.

Para o presidente da Fiergs, Claudio Affonso Amoretti Bier, o impacto do chamado tarifaço pode ser comparado a uma nova tragédia para os gaúchos. “É como se fosse uma segunda enchente”, afirmou à CNN, em referência à catástrofe climática que atingiu o estado entre abril e maio, deixando mais de 180 mortos e 25 desaparecidos.

A projeção da entidade é de que empresas dos setores de móveis, couro, madeira e plástico serão diretamente afetadas, assim como seus fornecedores. Segundo Bier, muitas já estão concedendo férias coletivas como forma de tentar preservar empregos enquanto avaliam os efeitos do novo cenário. A demissão em massa seria a etapa seguinte, caso não haja um acordo entre os governos brasileiro e norte-americano.

Empresas associadas à Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente) também já iniciaram medidas emergenciais. Algumas tentam antecipar embarques para os Estados Unidos por via aérea, já que produtos que chegarem ao país após o dia 1º de agosto serão taxados, mesmo que tenham sido vendidos antes dessa data.

O presidente da Fiergs destacou que a reunião com Alckmin foi positiva, com abertura para diálogo. “Foi uma conversa amistosa. O vice-presidente nos deixou animados ao reforçar que a solução virá por meio do entendimento. Não podemos partir para o confronto com um gigante como os Estados Unidos”, avaliou.

O empresariado também pediu ao governo brasileiro que solicite o adiamento da nova tarifa, para ganhar tempo técnico e diplomático. Segundo Bier, Alckmin respondeu que a solicitação só poderá ser feita após o encerramento do prazo dado ao Brasil pelos norte-americanos, previsto para o final de julho.

Durante a conversa com o governo, os industriais também foram informados de que importadores de laranja dos Estados Unidos estão entrando com uma ação contra a Casa Branca, o que pode abrir brechas jurídicas para contestar a medida.

A Fiergs avalia que a tarifa de 50% é desproporcional, principalmente em relação ao Brasil, que tem uma longa história de parceria com os Estados Unidos. Bier chamou atenção para o fato de que países como China e Venezuela, com quem os norte-americanos têm conflitos comerciais mais diretos, receberam tarifas menores.

A medida anunciada pelo governo dos Estados Unidos no início de julho está prevista para entrar em vigor em 1º de agosto e atinge diretamente empresas gaúchas com forte dependência do mercado americano. Há casos de indústrias que concentram até 95% de suas vendas nos Estados Unidos.