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Fraudes do programa Farmácia Popular desviam quase R$ 900 mil em Carazinho; prejuízo no RS passa de R$ 1 milhão

Saúde

22 de julho de 2025

Fraudes do programa Farmácia Popular desviam quase R$ 900 mil em Carazinho; prejuízo no RS passa de R$ 1 milhão
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

Um esquema de fraudes no programa Farmácia Popular desviou mais de R$ 1,1 milhão no Rio Grande do Sul. De acordo com documentos, farmácias fictícias usaram milhares de CPFs de forma indevida para registrar a retirada de medicamentos que, na prática, nunca chegaram aos beneficiários.

Em Carazinho, no norte do estado, as fraudes ocorreram entre abril de 2022 e junho de 2023. Nesse período, foram utilizados 3.033 CPFs, totalizando R$ 898.952,62 em recursos desviados. Os dados apontam que farmácias credenciadas ao programa operavam apenas no papel.

A capital Porto Alegre também foi alvo da fraude. Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, ao menos R$ 65.904,12 foram movimentados de forma irregular, com o uso de 1.370 CPFs. Já em Esperança do Sul, no noroeste gaúcho, o prejuízo identificado é de R$ 179.026,50, com 2.014 CPFs envolvidos entre outubro de 2024 e fevereiro de 2025.

As vítimas ouvidas negam ter feito uso do programa ou retirado os medicamentos lançados em seus nomes. Apesar disso, os sistemas do SUS registram os CPFs como beneficiários regulares.

Esquema nacional movimentou R$ 40 milhões, diz PF

As fraudes no Rio Grande do Sul fazem parte de um esquema criminoso de alcance nacional, investigado pela Polícia Federal. Segundo apuração, farmácias de fachada eram utilizadas para desviar recursos públicos, lavar dinheiro do tráfico de drogas e financiar a compra de cocaína da Bolívia e do Peru.

Os criminosos utilizavam CPFs e endereços reais para simular compras de medicamentos subsidiados. Empresas eram registradas com CNPJs de “laranjas”, e muitos estabelecimentos existiam apenas no papel — em alguns casos, funcionando em terrenos baldios ou imóveis inexistentes.

As investigações começaram após a apreensão de 191 quilos de drogas em Luziânia (GO). Parte da carga seria entregue a Clayton Soares da Silva, dono de farmácias em Pernambuco e no Rio Grande do Sul. Ele foi preso em flagrante, junto com um caminhoneiro, e teve documentos e mensagens interceptadas em seu celular que indicam participação ativa no esquema.

A partir desse material, a PF chegou até Fernando Batista da Silva, o “Fernando Piolho”, apontado como o líder da quadrilha. Ele teria usado o nome da filha para abrir empresas e ocultar movimentações financeiras suspeitas. Uma dessas empresas, a Construarte, recebeu mais de R$ 500 mil de pessoas ligadas ao tráfico.

A Polícia Federal estima que, até o momento, o prejuízo ao Farmácia Popular seja de aproximadamente R$ 40 milhões. Novas prisões e apreensões não estão descartadas nas próximas fases da operação.

Fonte: G1 e Repórter Giovani Grizzoti