Governo Lula deve reagir a tarifa de Trump com decreto de reciprocidade até terça-feira
13 de julho de 2025

O governo brasileiro deve publicar até esta terça-feira (15) um decreto que regulamenta a chamada lei da reciprocidade, abrindo caminho para reagir à tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos do Brasil. A informação foi confirmada neste domingo (13) pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB).
A sobretaxa foi anunciada por Donald Trump por meio de uma carta endereçada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e divulgada na rede social Truth Social. O documento cita uma relação comercial “muito injusta” e acusa o Brasil de adotar barreiras tarifárias e não tarifárias contra os produtos norte-americanos.
Apesar da retórica do republicano, dados oficiais mostram que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil há 17 anos, ou seja, vendem mais do que compram.
Neste domingo, Lula reuniu ministros para definir a resposta formal ao anúncio, que deve entrar em vigor no dia 1º de agosto. Alckmin afirmou que a prioridade do governo é ainda reverter a decisão. “Acreditamos que essa tarifa é inadequada e não encontra justificativa”, disse o vice durante agenda em Francisco Morato, na Grande São Paulo.
O governo brasileiro considera a medida injusta e já avalia diferentes frentes de reação. Uma das opções discutidas é acionar organismos internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), mas também há expectativa de que conversas bilaterais com o governo norte-americano avancem por meio da USTR, agência responsável pela política comercial externa dos EUA.
Além do tema tarifário, Trump também aproveitou o comunicado para criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e sair em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que o julgamento do líder conservador representa uma “caça às bruxas que precisa ser encerrada”.
Mesmo diante da escalada de tensão, o vice-presidente brasileiro afirmou que o tom do governo Lula seguirá firme, mas diplomático:
“Os EUA e o Brasil têm 200 anos de amizade. Não vamos mudar nossa postura diante dessa provocação”, declarou Alckmin na última semana.