Sexta-feira, 04 de Julho de 2025

Sexta-feira
04 Julho 2025

Tempo agora

Tempo nublado 10
Tempo nublado 16°C | 5°C
Tempo nublado
Sáb 05/07 17°C | 7°C
Parcialmente nublado
Dom 06/07 17°C | 7°C

CCJ aprova castração química como exigência para liberdade condicional de estupradores

Política

04 de julho de 2025

CCJ aprova castração química como exigência para liberdade condicional de estupradores
Relator do projeto, o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) celebra a aprovação do texto na CCJ. Deputado petista diz que ideia remete à "Idade Média"
Foto: Sebastiao Moreira/EFE

A comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (1), um projeto de lei que prevê a castração química voluntária como exigência para a liberdade condicional de condenados pelo crime de estupro.

O texto prevê que a castração química deve ser um condicionamento em razão do procedimento químico-hormonal reduzir a libido sexual.

Também é estabelecido pelo relator, o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM), o endurecimento de penas de crimes voltados para esta conduta – tendo agravante para casos em que crianças e adolescentes sejam vítimas.

Em relação ao crime de estupro, a pena máxima saltaria para até 20 anos, hoje é de 10. Confira as mudanças aprovadas na CCJ:

  • Estupro: hoje, a pena é de 6 a 10 anos e saltará para 10 a 20 anos. Envolvendo lesão corporal grave ou se a vítima tiver entre 14 e 18 anos, subirá de 8 a 12 anos para 12 a 22 anos;
  • Estupro de vulnerável: hoje, a pena é de 8 a 15 anos e passaria para 12 a 20 anos. Envolvendo lesão corporal grave subirá de 10 a 20 anos para 14 a 24 anos;
  • Violação sexual mediante fraude: hoje, a pena é de 2 a 6 anos e passaria para 4 a 8 anos;
  • Importunação sexual: sofreria um aumento de 50% caso a vítima seja criança ou adolescente.

O texto, agora, segue para aprovação no plenário da Casa.

Deputado petista critica e fala em práticas da “Idade Média”

Ao passo que a aprovação do projeto se torna uma vitória da oposição, o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA), da base governista do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirma ser a favor do endurecimento das penas, mas diz que práticas de castração química remetem à “Idade Média”, além de serem inconstitucionais.

“Aumento das penas, nós concordamos. As penas, de fato, são baixas para crimes tão odiosos. Mas aquilo que não está em consonância com a Constituição Federal, é perda de tempo o Legislativo votar”.

O petista caracteriza a medida como “populismo penal” e diz que o projeto é “jogar para a plateia, sabendo que será considerado inconstitucional pelo STF [Supremo Tribunal Federal]”.

Já para Alberto Neto, a aprovação do texto faz com que seja aumentada a proteção às vítimas de crimes contra a dignidade sexual, medidas oportunas e convenientes. Ele argumenta que o processo da castração química, além de ser voluntária, é indolor e já adotada em países como Estados Unidos e Reino Unido.

Ele rechaça o argumento que a proposta viola à dignidade humana e argumenta que a prática reduz a reincidência dos crimes de natureza sexual.

Jurista rebate argumento de deputado do PT que alega inconstitucionalidade

A reportagem consultou o professor de direito constitucional e integrante do programa ‘Sem Rodeios’ da Gazeta do Povo, André Marsiglia, que afirmou que não vê inconstitucionalidade no projeto.

“Não entendo a castração química como uma medida degradante ou qualquer coisa do gênero. Entendo que seja uma correção médica para pessoas que possuem claramente uma doença, um vício. É como, por exemplo, você apresentar uma medicação a ser tomada para uma pessoa que tem um vício em drogas”.

Sobre o argumento de que o processo químico seja irreversível, ele encara como algo positivo: “que bom que é irreversível se o vício está às voltas de crimes sexuais”.

“É necessário que se compreenda que são pessoas doentes, que pelas suas doenças cometem crimes abomináveis e que estamos diante de uma correção, que é a correção mais moderna que se tem nesse momento. Se outra melhor surgir, ótimo, mas nesse momento é essa”.

Ele completa afirmando que o tratamento químico permite que os criminosos “sejam reinseridas na sociedade sem que, dentro do seu vício, cometam crimes”.

O jurista completa afirmando que o termo “castração” causa algum pânico, principalmente, por remeter a ideia de algum processo que esteja empregado o uso da violência.

“Essa visão de que o procedimento é medieval, degradante está muito às voltas com a expressão castração, como se fosse algo físico, como se a pessoa fosse aleijada do seu órgão. Não é isso. É uma medida medicinal de correção para alguém que tem um vício grave e que, ao ter essa medicação tomada, pode ser reinserida com menos prejuízos à coletividade”.

Fonte: Gazeta do Povo