Área destinada ao trigo na safra de inverno gaúcha deverá ser 10% menor que a de 2024

Endividamento, acesso restrito ao crédito e temores em relação ao clima são os responsáveis pela diminuição de quase 10% na área estimada pela Emater/RS-Ascar para o plantio do trigo em 2025, principal cultura de inverno do Rio Grande do Sul. Na divulgação dos dados coletados entre 12 de maio e 9 de junho, na manhã desta segunda-feira, a Emater projetou que o Estado terá 1,19 milhão de hectares semeados com a cultura, 9,98 % a menos que no ano passado, quando plantou 1,33 milhão de hectares.

Com isso, a produção foi estimada em 3,59 milhões de toneladas, com queda de 2,95% em relação ao obtido na safra de 2024, em torno de 100 mil toneladas a menos. De acordo com o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, a produtividade do grão deve ser 7,7% maior que a do ano passado, ficando em 2,99 toneladas por hectare, levando em consideração projeções climáticas mais próximas da normalidade.

Baldissera relaciona ainda a diminuição da área do trigo com o expressivo aumento da área destinada para a canola, que nesta safra de inverno terá área de 203,2 mil hectares, 37,41% maior que a do ano passado. A cultura, com preços melhores e grande demanda no mercado de alimentos, deve obter produção de 208,8 mil toneladas, 69,99% a mais que no último ciclo. Segundo ele, a restrição de crédito ao produtor, entretanto, é o principal fator na retração do triticultor.

“Estamos observando que o acesso ao crédito está muito menor que no ano passado e que boa parte dos agricultores está fazendo as lavouras com recursos próprios”, analisou.

A aveia branca também teve incremento de área de 8,91%, passando de 368,4 mil hectares em 2024 para 401,2 mil hectares, com produção de 904,37 mil toneladas ou 11,78% a mais que no ano passado. A cevada, por sua vez, tem estimada a maior queda de área na safra de inverno de 2025, ficando em 27,33 mil hectares, 21,97% menos, contra os 35,03 mil hectares do último ciclo, com queda na produção de 19,9%, prevista em 87,41 mil toneladas.

No total, a área destinada às culturas de inverno no Rio Grande do Sul, em 2025, deverá chegar a 1,83 milhão de hectares, 2,78% menor que a de 2024. A produção, contudo, deve fechar 4,93 milhões de toneladas, 2,25% maior que a da safra anterior. O presidente da Emater, Luciano Schwartz, afirma que a ocupação da área agricultável do Estado pelas culturas de inverno em relação às de verão, onde somente a soja superou no ciclo 2024/2025 a marca dos 6,8 milhões de hectares, é uma preocupação. Para ele, quanto menos se planta no inverno mais se onera os custos das lavouras de verão, uma vez que os plantios da estação mais fria são fundamentais para a preservação do solo e o desempenho das produtividades, com a rotação de culturas.

Quanto ao clima, o coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), Flávio Varone, projeta, com base nos modelos meteorológicos, que a safra de inverno terá menos intercorrências negativas que a do ano passado, com chuvas próximas da média no início do plantio, levemente em atraso em razão da umidade prevista para os próximos dias; terceiro trimestre com proximidade da média, mas neste caso para menos chuva; e, a partir de setembro, com tempo mais seco, o que pode favorecer a colheita.

Fonte: Correio do Povo