Inadimplência atinge nível recorde no Brasil e pressiona economia em 2025
29 de maio de 2025

A crise de inadimplência no Brasil alcançou patamares históricos em 2025, atingindo tanto consumidores quanto empresas em um cenário de juros elevados, inflação persistente e desaceleração econômica. Dados da Serasa revelam que 76,6 milhões de brasileiros – o equivalente a 47,1% da população em idade ativa – estão com contas atrasadas há mais de 90 dias, o maior número desde o início da série histórica, em 2016. O valor total das dívidas chega a R$ 457,4 bilhões, pressionando ainda mais o consumo e o crédito no país.
No setor empresarial, a situação também é crítica: 7,3 milhões de empresas estão negativadas, representando 31,9% do total registrado no Brasil. As pequenas e médias empresas são as mais afetadas, respondendo por 6,9 milhões desses casos, com dívidas acumuladas de R$ 146,2 bilhões.
A pesquisa mais recente da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que 77,6% das famílias brasileiras têm dívidas a vencer, o maior percentual desde agosto do ano passado. Além disso, 12,4% afirmam não ter condições de pagar os débitos em atraso, interrompendo uma sequência de três meses de queda.
O cartão de crédito continua sendo a principal fonte de endividamento, seguido por empréstimos pessoais, cuja demanda cresce em meio à alta dos juros. A taxa média para pessoas físicas atingiu 2,56% ao mês em março, o maior patamar desde o segundo semestre de 2023. Excluindo o rotativo do cartão, o índice chegou a 2,18%, o maior da série histórica iniciada em 2011.
O ambiente para os pequenos negócios se deteriorou no primeiro trimestre de 2025. Segundo a plataforma de gestão Omie, o faturamento desse segmento recuou 1,2% em comparação com o mesmo período de 2024. “Há uma deterioração na confiança dos empresários”, afirma Felipe Beraldi, gerente de indicadores da Omie.
Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian, explica que as micro e pequenas empresas são mais vulneráveis porque têm menor capital de giro, maior dependência de crédito e menos margem para absorver oscilações econômicas.
Inflação e juros prolongam a crise
Enquanto a taxa Selic permanece em 14,75% ao ano – o maior nível em 19 anos –, a expectativa do mercado é de que os cortes só comecem no final de 2025 ou início de 2026. Isso mantém a pressão sobre o custo do crédito e o poder de compra das famílias.
Além disso, os preços no atacado subiram 9,7% em 12 meses, segundo o FGV Ibre, ante uma inflação oficial de 4,64% no mesmo período. “A pressão nos custos da produção tende a se repassar aos preços ao consumidor com defasagem”, alerta Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos.
Com o consumo em queda há quatro meses consecutivos e o crédito mais restritivo, a economia brasileira enfrenta um cenário desafiador, no qual a inadimplência funciona tanto como sintoma quanto como agravante da crise.
Fonte: Gazeta do Povo