Um ano após enchentes no RS, 4 em cada 10 transportadoras tiveram prejuízo acima de R$ 1 milhão
13 de maio de 2025

Um ano após as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul, os impactos seguem presentes no setor de transporte. De acordo com a segunda rodada da Pesquisa CNT de Impacto no Transporte – Enchentes no RS, quase 40% das transportadoras que atuam nas áreas afetadas relataram prejuízos superiores a R$ 1 milhão. O levantamento, realizado entre 24 de abril e 4 de maio, ouviu 193 empresas de transporte de cargas e passageiros.
Os dados mostram que 16,5% das empresas ainda não retomaram a normalidade nas operações e 23,3% acreditam que os efeitos da calamidade se estenderão por mais de dois anos.
“Desde o início da tragédia, a CNT tem atuado para apoiar os transportadores e a sociedade do Rio Grande do Sul e buscar soluções junto ao poder público”, afirmou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa. “A recuperação plena depende diretamente do restabelecimento da infraestrutura logística.”
Entre os dados mais alarmantes:
- 38,2% das transportadoras perderam mais de R$ 1 milhão
- 42,7% tiveram prejuízos entre R$ 101 mil e R$ 1 milhão
- Apenas 24,1% escaparam de perdas diretas
- 27,1% ainda enfrentam impactos significativos
O levantamento também aponta que 55,6% das empresas precisaram alterar rotas ou logística e 32,3% recorreram a financiamentos. Apesar disso, apenas 25,6% acessaram linhas de crédito especiais e menos da metade (42,1%) receberam indenizações de seguros.
A recuperação da infraestrutura no estado é vista com ceticismo. Apenas 7,5% dos empresários acreditam que o sistema de transporte foi totalmente recuperado. Diversas rodovias ainda enfrentam bloqueios, pontes estão danificadas e o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, segue operando com restrições.
Para 16,5% dos entrevistados, a recuperação completa da infraestrutura pode levar mais de cinco anos.
Apesar das dificuldades, nenhuma empresa precisou encerrar as atividades definitivamente. Em resposta ao desastre, 32,3% adotaram medidas preventivas, como planos de contingência e treinamentos para enfrentar eventos climáticos extremos. Mais da metade (52,6%) afirmam que a percepção sobre os riscos climáticos aumentou.
As enchentes de 2024 atingiram todos os modais de transporte no Rio Grande do Sul — rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo —, deixando um cenário de danos estruturais e incertezas quanto à capacidade de resposta e resiliência do sistema logístico do estado.