Segunda-feira, 12 de Maio de 2025

Segunda-feira
12 Maio 2025

Tempo agora

Tempo limpo 10
Tempo limpo 21°C | 10°C
Tempo limpo
Ter 13/05 25°C | 12°C
Parcialmente nublado
Qua 14/05 25°C | 14°C

Por unanimidade, 1ª Turma do STF derruba decisão da Câmara sobre Ramagem

Política

11 de maio de 2025

Por unanimidade, 1ª Turma do STF derruba decisão da Câmara sobre Ramagem
Foto: Divulgação

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, nesta sexta-feira (9), para anular parte da decisão da Câmara dos Deputados que havia suspendido integralmente a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). O parlamentar continuará respondendo na Corte por três dos cinco crimes atribuídos a ele no inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado no final de 2022.

Os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Luiz Fux — que já depositaram seus votos no plenário virtual — entenderam que a Câmara extrapolou os limites constitucionais ao tentar paralisar todo o processo. Com isso, Ramagem segue como réu por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

As acusações de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado foram suspensas até o fim de seu mandato, por se referirem a atos ocorridos após a diplomação como deputado, em dezembro de 2022.

Relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes destacou que a imunidade parlamentar não se aplica a crimes cometidos antes da diplomação e tampouco pode beneficiar outros réus. “Os requisitos do caráter personalíssimo e temporal, previstos no texto constitucional, são claros e expressos”, afirmou Moraes, em um recado direto à Câmara dos Deputados.

Cristiano Zanin reforçou a posição do relator, alertando que ampliar a suspensão da ação penal para além desses critérios seria “um equívoco jurídico” e contrariaria a jurisprudência do STF.

A decisão da Primeira Turma confronta diretamente o movimento político liderado pela base bolsonarista na Câmara. Na última quarta-feira (7), os deputados aprovaram, por 315 votos a 143, a suspensão total da ação penal contra Ramagem. A medida, além de beneficiar diretamente o parlamentar, buscava blindar indiretamente outros integrantes do núcleo golpista, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Ramagem integrava o núcleo central da trama que, no fim de 2022, articulava manter Bolsonaro no poder por vias ilegais, contrariando o resultado das urnas.

O julgamento segue no plenário virtual até a próxima terça-feira (13). Ainda faltam os votos dos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, mas a maioria já foi formada.

Decisão mantém processo vivo e limita o alcance da imunidade

Com a decisão parcial do STF, o processo contra Ramagem segue em tramitação pelos crimes mais graves. Já os demais delitos, de menor potencial ofensivo, só poderão ser analisados após o fim de seu mandato parlamentar. Além disso, a imunidade concedida ao deputado não se estende aos demais envolvidos, que seguem respondendo à Justiça.

A votação da Câmara reacendeu o debate sobre os limites da imunidade parlamentar e o papel do Congresso frente a investigações criminais. A resposta do STF, firme e fundamentada, marca mais um capítulo da disputa institucional entre Legislativo e Judiciário no Brasil pós-Bolsonaro.