Diabete tipo 2: novas diretrizes antecipam rastreamento para a partir dos 35 anos no Brasil
29 de abril de 2025

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) atualizou suas diretrizes para o rastreamento e diagnóstico do diabete tipo 2 no Brasil. A nova recomendação, publicada na revista científica Diabetology & Metabolic Syndrome, propõe mudanças importantes, como a redução da idade para triagem da doença de 45 para 35 anos na população em geral.
A atualização segue uma tendência internacional diante do aumento de casos entre adultos mais jovens, causado principalmente pelo sedentarismo e pelo excesso de peso.
Segundo a endocrinologista Melanie Rodacki, professora da UFRJ e integrante da SBD, o diagnóstico precoce pode mudar o curso da doença:
“Ao identificar um caso de diabete ou pré-diabete, é possível adotar medidas preventivas para evitar complicações futuras.”
Atenção redobrada com crianças e adolescentes
A nova diretriz também passa a incluir crianças e adolescentes a partir de 10 anos com fatores de risco, como obesidade, sedentarismo e histórico familiar de diabete tipo 2. A inclusão desse público responde ao aumento preocupante da doença nessa faixa etária, ligado ao consumo de ultraprocessados e à falta de atividade física.
Entre os fatores que indicam a necessidade de rastreamento estão:
- Histórico familiar de diabete tipo 2;
- Hipertensão ou colesterol alterado;
- Acantose nigricans (manchas escuras na pele);
- Síndrome do ovário policístico;
- Diabete gestacional anterior;
- Nascimento de bebê com peso elevado;
- Pontuação alta no escore FINDRISC.
Novos exames e prazos de reavaliação
A recomendação também incorpora um teste oral de tolerância à glicose com uma hora de duração como método preferencial para detectar casos de pré-diabete, por ser mais sensível e acessível.
Já o intervalo de reavaliação varia:
- A cada três anos para quem apresenta baixo risco;
- Anualmente para pessoas com pré-diabete ou múltiplos fatores de risco.
No Brasil, cerca de 30% dos adultos com diabete tipo 2 não sabem que têm a doença, o que reforça a importância do rastreamento. No mundo, esse número chega a quase 45%, segundo o Atlas de Diabete da Federação Internacional de Diabete (IDF).