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O sabor único do mel Branco dos Campos de Cima da Serra pode ser reconhecido no Brasil

Agronegócio

22 de abril de 2025

O sabor único do mel Branco dos Campos de Cima da Serra pode ser reconhecido no Brasil
Nome científico da árvore que dá a flor carne-de-vaca é Clethra scabra e o seu habitat natural são as florestas de altitude
Foto: Fernando K. Dias / Seapi / Divulgaçã

De coloração quase leitosa e sabor delicado, o mel Branco está no centro de um estudo multidisciplinar para embasar a possível conquista de uma Indicação Geográfica (IG). O selo/registro legal é concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) e garante a autenticidade e qualidade de produtos associados a uma região específica. Com esse propósito, pesquisadores, apicultores e meliponicultores de Cambará do Sul e região no Rio Grande do Sul unem conhecimentos científicos e empíricos. A pesquisa teve início no segundo semestre do ano passado e tem previsão de conclusão no final de 2026.

Conforme a pesquisadora do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Larissa Ambrosini, o potencial do mel branco para um possível alcance de IG foi alertado pelos próprios produtores da Associação Cambaraense de Apicultores (ACAPI), de Cambará do Sul.

“Segundo eles, a fonte do pólen para o mel branco é uma árvore popularmente denominada pelos apicultores de carne-de-vaca. Mas o nome científico é Clethra scabra e o habitat natural dela são as florestas de altitude”, explicou, detalhando a sua presença, em perigo de extinção, na flora da mata nativa preservada nos municípios de Bom Jesus, Cambará do Sul e São José dos Ausentes. “Mas isso é a percepção deles (apicultores)”, acrescentou, destacando que a conclusão do estudo é necessária para a confirmação desses entre outros dados.

“O mel é realmente mais claro, tem diferentes gradações, parece até uma manteiga”, afirmou, destacando que é produzido tanto por abelhas africanizadas quanto por espécies nativas, como a como a abelha-sem-ferrão guaraipo que também está ameaçada de extinção. A pesquisadora detalha que o líquido doce produzido pelas abelhas a partir do pólen da árvore carne-de-vaca já é comercializado, com valor diferenciado, em virtude de uma época de coleta específica compreendida entre janeiro e março.

Conforme Larissa, especialistas em solo, agrometeorologia, meteorologia, biologia, botânica e desenvolvimento rural do DDPA em parceria com profissionais da Emater-RS/Ascar e professor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) estão envolvidos no estudo científico para embasar o pedido de selo junto ao Inpi. “Eu acho que tem muita chance, inclusive, para um (pedido) de Indicação Geográfica de Denominação de Origem (DO)”, afirmou Larissa.

DO é um um reconhecimento da qualidade e características de um produto ou serviço diretamente relacionados à sua região de origem que atribui ao produto ou serviço um valor agregado, devido à sua identidade geográfica e à reputação da região. Conforme a pesquisadora, os especialistas estão trabalhando com amostras de 2023 e 2024 enquanto é feita a coleta das de 2025.

Para finalizar, Larissa recorda que em 2024, as apicultoras Adriana de Bortoli, da Apicultura do Máximo, do município de Jaquirana, e Liane de Oliveira, do Apiário Cambará, da cidade de Cambará do Sul, conquistaram o 1º e 4º lugares, na categoria mel claro, do concurso CNA Brasil Artesanal – Mel 2024, com o mel branco coletado em suas propriedades. Os prêmios, segundo a pesquisadora, reforçam o trabalho visando a conquista de uma IG concedida pelo Inpi. Nessa direção, ela destaca que o mel de melato da Bracatinga coletado na região de Campos de Cima da Serra integra os 134 municípios do Planalto Sul Brasileiro que contam com uma IG de Denominação de Origem, concedida em 2021 pelo Instituto.

Fonte: Correio do Povo