Anvisa torna obrigatória a retenção de receita para compra de canetas emagrecedoras
17 de abril de 2025

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou nesta quarta-feira (16) que será obrigatória a retenção de receita médica para venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda e similares, que são usados para o emagrecimento.
Atualmente, esta categoria de medicamentos classificada com a tarja vermelha só deveria ser comercializada com a apresentação da receita. Na prática, é comum que ela não seja exigida e, por isso, clientes sem o documento conseguem comprar os medicamentos.
A decisão foi tomada pela Anvisa depois da divulgação de uma carta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na qual os médicos defendiam a necessidade de um maior controle na prescrição dessa classe de medicamentos.
Em seus votos, os diretores da agência destacaram que existe a necessidade de proteger a população do uso irracional desses medicamentos que foram desenvolvidos para diabetes, mas acabaram sendo também indicados para a obesidade.
Atualmente, mais de um bilhão de pessoas vivem com obesidade no mundo. No Brasil, 56% dos adultos têm obesidade ou sobrepeso. O problema é um desafio de saúde global e há poucas opções farmacológicas para ele.
A doença é multifatorial e envolve questões genéticas, sociais, culturais, econômicas e ambientais. A obesidade está associada a complicações como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepática gordurosa não alcoólica e reduz a expectativa de vida.
Estudos recentes mostram que a perda de peso com medicamentos está se aproximando de magnitudes próximas àquelas alcançadas com a cirurgia bariátrica.
Medicamentos desenvolvidos para diabetes acabaram sendo também indicados para a obesidade. Ozempic e Wegovy, por exemplo, têm como princípio ativo a semaglutida. Há ainda a substância liraglutida, usada nos medicamentes Victoza e Saxenda.
As drogas prometem a perda de até 17% da massa corporal em um ano, mas também têm sido procuradas por pessoas que querem emagrecer rápido, sem indicação para o tratamento com a substância, o que pode trazer riscos à saúde.
A semaglutida é uma substância que substitui a ação de um hormônio chamado GLP1, produzido naturalmente no intestino.
Ela atua nas seguintes regiões do organismo:
* hipotálamo, responsável por controlar a saciedade;
* no fígado, reduz a produção de glicose;
* e no pâncreas, estimula a produção de insulina.
Na prática, isso faz com que a pessoa se sinta mais satisfeita, o que pode levar a uma redução de 30% a 40% do consumo de calorias, dependendo da dosagem. Há ainda medicamentos para tratar obesidade e diabetes a base de liraglutida, caso de marcas como Saxenda e Vitosa.
A diretora da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO), Cynthia Valério, informa que o consumo adequado de proteínas garante que a perda de peso seja mais sustentável no longo prazo.
“O uso recreativo ou estético das medicações – pessoas que fazem reduções drásticas e bruscas do aporte de proteínas e que muitas vezes são sedentárias – gera um impacto na composição corporal pode ser até catastrófico. As pessoas ficam realmente desnutridas, com uma perda de massa muscular importante”, alerta a médica.
As canetas são contraindicadas para pessoas que têm alergia a qualquer componente do medicamento. Pacientes com histórico de pancreatite. Se a pessoa ou alguém da família teve ou tem um tipo de câncer de tireoide chamado carcinoma medular de tireoide (CMT) também é contraindicado. E claro, ele não é indicado para grávidas e lactantes.
As canetas podem causar efeitos colaterais, principalmente, no sistema gastrointestinal. Náusea e vômito estão entre os mais comuns. Até por isso, muita gente acredita que a perda de peso esteja relacionada a esses eventos.
Fonte: O Sul