Gilson Trennepohl foi o entrevistado no terceiro episódio do CeresCast
15 de março de 2025

Em um bate-papo descontraído, mas de muito conteúdo, o diretor-presidente do Grupo Ceres de Comunicação Gilson Lari Trennepohl fez sua análise sobre os 25 anos da Expodireto. Trennepohl, que já foi diretor-presidente da Stara, atualmente é presidente do Conselho de Administração da empresa e vice-prefeito de Não-Me-Toque. O empresário foi entrevistado no terceiro episódio do CeresCast e utilizando o QR Code aqui da página você assiste esse conteúdo na íntegra. Confira:
Há 25 anos, o senhor enxergou o potencial que a feira tinha de se tornar o que é hoje?
Eu acho que ninguém imaginava que ela pudesse se transformar nessa feira tão bonita e tão bem qualificada como ela é. Sem dúvida, a gente sabia que onde a Cotrijal coloca a mão, não seria uma coisa qualquer, seria algo de grande porte. O Nei, quando começa alguma coisa, ele e os gestores fazem bem feito. Então, sabíamos que seria uma feira com certa representatividade.
Sempre que se fala em Expodireto, se fala do crescimento da região. Como o senhor vê o crescimento das empresas junto com o desenvolvimento da feira?
Eu acho que é fundamental e não são só para as indústrias. Acho que a rede hoteleira, restaurante, a imprensa em geral, aqueles que alugam suas casas, as pessoas que querem ganhar um troco trabalhando na feira… Todo esse movimento puxa a economia. Acho que todas as chácaras da região estão alugadas, todas as comunidades que têm salão, pelo menos para o lado de Victor Graeff, serão usados pelas pessoas que vêm para a feira porque falta local para acomodar todo mundo. Acho que um dos grandes problemas para não usar mais o parque é a falta de uma rede hoteleira adequada. Mas, de qualquer forma, uma das coisas fundamentais é que nosso pessoal, do dia a dia, do chão de fábrica, tem a oportunidade de visitar e conhecer mais.
O senhor conhece diversas exposições agrícolas ao redor do mundo. Como o senhor vê a Expodireto Cotrijal comparada com as demais feiras e o seu posicionamento hoje no mercado?
Acho que conheço todas as grandes feiras do mundo e a Expodireto é diferente primeiro porque é gratuita, você só paga estacionamento. Segundo, que tem um baita de um parque de alimentação que permite que as pessoas passem bem durante o dia. Em terceiro lugar, você encontra banheiros limpos, que esse é um grande problema em outros eventos. Então, aqui, já se começou sabendo dos problemas das feiras de fora e desde a primeira edição é uma feira limpa. E nessa parte de limpeza Não-Me-Toque dá exemplo para o mundo. E dá exemplo para o mundo também de organização. Você não tem filas monstruosas. Além disso, não é uma feira cara porque só tem cobrança de estacionamento e alimentação.
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Quando a Expodireto estava se constituindo, o senhor que tem esse relacionamento direto com a direção da Cotrijal, foi ouvido para dar sugestões?
Sem dúvida. Tive a porta aberta e usei a porta porque a gente tem uma feira na nossa casa. A Stara está a mil metros do parque. As nossas máquinas vão rodando para a feira. Então, se nós não aproveitássemos seríamos uns tontos, né (risos)? Então, nós chamamos os nossos colegas, fomos trazendo o nosso pessoal e fomos trazendo público. O que tinha que às vezes dar uma melhorada aqui, uma melhorada ali, a gente falava, por exemplo: “nós temos que trazer os bancos”. Porque o banco financia. Quer dizer, veio dinheiro, veio gente, veio máquina e veio uma feira que tinha consistência, que dava para quem fosse expor todo o respaldo. As pessoas nos falam: “A feira mais bonita, mais ajeitada, mais caprichada é lá em Não-Me-Toque”. Os grandes empresários do Brasil e do mundo vêm pra Expodireto.
O senhor já ouviu comentários assim no exterior?
Já. Encontramos com o pessoal da AGCO que veio dos Estados Unidos para visitar aqui e eles estavam na feira em que nós fomos expor agora nos Estados Unidos. E eles estavam comentando que a feira deles lá não é igual à feira de Não-Me-Toque. Para você ter uma ideia, lá não tem um banheiro físico, são banheiros químicos. Lá não tem um estande parecido com o que a John Deere, a Massey ou a Stara montaram aqui. Não tem! É barraquinha, é lona, os restaurantes são de hambúrguer, cachorro-quente. Rapaz, eu te digo que nós estamos dando de chinelo na FarmShow, que foi o espelho de todas as feiras.
O senhor imaginava que a tecnologia no agronegócio ia dar esse salto para chegar no ponto que estamos hoje?
Eu vou dizer assim que a gente, às vezes, sonha, mas esse sonho não tem tamanho; você só quer ser o melhor naquilo que está fazendo. E, para isso, você vai atrás de oportunidades. Todo mundo queria fazer feira. Mas qual é a grande oportunidade da feira? Ter um local para fazer dinâmica, porque a Expointer não tinha. Quer dizer, o que era um problema lá, aqui era uma oportunidade. É só você mudar a moeda de lado, né? Você tinha o lado do problema e, se nós chegássemos com a solução, estaríamos navegando em um oceano azul. Então, foi feito isso com a Expodireto. A Cotrijal, junto conosco e com as indústrias, construiu o seu oceano azul, construiu sua representatividade. Tem muitos amigos nossos do Brasil que vão descer em Carazinho, Passo Fundo, Erechim, Cruz Alta com seus aviões para vir visitar a Expodireto porque eles sabem que aqui é a melhor feira. Quanto à tecnologia, volto de novo a frisar: a gente não sabia que isso seria tão forte, só sabíamos que era um caminho sem volta.
Como o senhor vê o futuro do agronegócio?
Recentemente, li um texto de quanto o Brasil representa para o mundo na exportação de alimentos. Em 1960, o Brasil exportava quase zero, era um pouco de café, cacau e borracha, mas incipiente. Não estava entre os 20 maiores. Ainda na década de 1960 começa a figurar em 19° ou 18°. Na década de 1970 vai para 11°, 12°. Na década de 2000, fica entre 7° e 8°. Em 2010 o Brasil começa a decolar. De 8° vai para 6°, 5°, 4°. Em 2020 ele é segundo e os Estados Unidos sempre na frente. Na década de 1980, os americanos produziam 150 milhões de toneladas de exportação e o Brasil produzia três. Nosso país vai crescendo e em 2023 passa os Estados Unidos, pois o Brasil atinge 187 milhões de toneladas e os Estados permanecem em 150. Aqui continua sendo fronteira agrícola. Por isso essa pressão estrangeira com leis sobre a questão ambiental porque eles sabem desses números e viram que o Brasil ia ser o grande celeiro do mundo.
O presidente da Cotrijal Nei Manica deu entrevista no programa Bom dia Amigos e falou que o espaço do Grupo Ceres no parque é permanente, podendo ser construída uma sede. O que o senhor projeta?
Vocês estão com a faca e o queijo na mão. Façam um bom ano, com resultados, que a gente investe. Se a equipe continuar produzindo mais, com mais ouvintes, podemos tudo e podemos construir. Vida longa ao Grupo Ceres, às nossas famílias, amigos, à Expodireto, pra Stara e que a gente continue sonhando grande, por questão de economia, pois sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho, então vamos sonhar grande!