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“A Expodireto colocou Não-Me-Toque no mapa”

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14 de março de 2025

“A Expodireto colocou Não-Me-Toque no mapa”

O Ceres Cast também entrevistou Enio Schroeder. Durante a conversa, o vice-presidente da Cotrijal comentou vários episódios vividos no começo da história da Expodireto e valoriza a trajetória construída a várias mãos. Confira!

Ceres Cast: A Expodireto está completando 25 anos. Ao pensar no contexto da primeira edição, qual é a primeira lembrança que lhe vem à mente?

Enio Schroeder: Passa um filme na cabeça. As novas tecnologias vieram tão rápido nesse período. Quando realizamos a primeira feira era tudo analógico e hoje é tudo digital. A origem da primeira edição foi o planejamento para um grande dia de campo. O local tinha as mínimas condições para uma feira tão gigantesca. Juntamos forças e energias para organizar a primeira edição, que já nasceu robusta e com credibilidade, o que faz a diferença até os dias de hoje. Gradativamente a Expodireto foi crescendo, a cada ano inovando, e hoje está posicionada como umas feiras mais importantes em nível mundial.

Ceres Cast: O que motivou a Cotrijal dar esse passo maior? De um dia de campo partir para a realização de uma feira?

Schroeder: A ideia era fazer algo diferente. No Rio Grande do Sul fomos a primeira cooperativa a assumir algo tão grande para a época. Tivemos que organizar o parque, fazer algumas avenidas para colocar estandes. Há 25 anos, montávamos estandes de madeira. Até que alguém falou que existiam fornecedores para isso. Fomos atrás de parcerias, entender esse mercado. Toda a divulgação da feira também precisou ser estruturada, criar um plano de mídia, a gente nem sabia o que era isso na época. De uma hora para outra começamos a conversar com a imprensa nacional e até de fora do Brasil e isso exigiu um preparo. O grande desafio foi fazer uma divulgação ampla. Começamos a procurar proprietários à beira de estradas para instalar placas de divulgação. Aí nos perguntavam: “O que é isso? Que loucura é essa? Expodireto?”. E fomos colocando a feira na mente das pessoas. Fomos em Porto Alegre divulgar e foi despertando interesse. Tudo foi acontecendo graças à união de todos, uma comissão bem estrutura e muito unida. Eu diria que hoje a feira está no piloto automático, é só cuidarmos e fazer acontecer.

Ceres Cast: Nesse contexto, Teve quem duvidasse que o projeto daria certo, quem sabe até por ser realizado em uma cidade de menos de 20 mil habitantes? Houve algum descrédito?

Schroeder: Tem algumas histórias, situações fora do comum. O pessoal nos ligou e perguntou: “tem hotel em Não-Me-Toque?” “Tem, temos hotel sim”. Era só um. Sequer ar-condicionado tinha. Naquela época era luxo, hoje ar-condicionado é uma necessidade. Mas estamos perto de cidades grandes, então começamos a potencializar a rede hoteleira da região. Na época, também fui atrás de uma casa para locar para visitantes da feira. E o pessoal recusou. Não era costume. Acho que eu não alugaria a minha também (risos). Mas as pessoas foram inteligentemente aceitando a ideia e hoje é uma prática comum. As pessoas também se prepararam no setor alimentício. Moro aqui desde jovem e posso dizer que a Expodireto colocou Não-Me-Toque no mapa do mundo. Me lembro que ia de carro a Brasília visitar meu irmão, quando chegava no posto para abastecer pediam se era placa falsa por causa do nome incomum da cidade. Hoje Não-Me-Toque tem orgulho de dizer que tem uma das maiores feiras do mundo e as pessoas nos respeita.

Ceres Cast: As empresas naquela época viram o potencial da feira?

Schroeder: Sim, viram. No início havia dúvidas se daria certo, mas sempre tivemos o apoio e participação efetiva das empresas de Não-Me-Toque. É importante que as empresas apoiem o que ocorre nas suas cidades.

Ceres Cast: Quais foram as primeiras pessoas acreditar no projeto?

Schroeder: A feira foi realizada por milhares de mãos. De um modo geral, as empresas de Não-Me-Toque todas nos apoiaram. Bem no início também fomos visitar a Coopavel, que realiza o Show Rural Coopavel (feira em Cascavel-PR), e eles nos abriram as portas para mostrar como tudo funcionava. Essas visitas contribuíram para que a primeira Expodireto já tivesse um excelente resultado. 

Ceres Cast: Qual foi a importância dessas visitas?

Schroeder: Foi muito importante porque lá vimos que era possível e serviu de inspiração. Isso representa as cooperativas se fortalecendo. Nada é possível se você não tem um objetivo e um propósito. E isso precisou estar no DNA da Cotrijal, ter metas, saber que seria necessário investir no começo. Precisamos sempre ser gratos à cooperativa, aos associados da Cotrijal, que nos permitiram fazer uma feira, e que ela crescesse gradativamente. Nos primeiros anos, lógico tivemos que investir. Hoje ela caminha com suas próprias pernas.

Ceres Cast: A cooperativa mantém uma linha. Não tem shows, nem venda de bebidas alcoólicas. A feira é focada em agronegócio.

Schroeder: Esse é um fator extremamente importante. Ela tem um posicionamento, é uma feira de negócios, tecnologia e conhecimento. No início fomos em busca de patrocinadores para divulgar a feira. E essas visitas foram uma luta árdua. Em Porto Alegre, Nei e eu fomos de empresa e empresa. Levávamos fotos, materiais de divulgação, acho que uns 20 quilos de materiais. Algumas nos receberam superbem, outras com desconfiança. E me lembro de uma que nos recebeu sem dar muita atenção e deu a seguinte resposta: “essas feirinhas do interior a gente não patrocina”. Pegamos nossos 20 quilos de material e fomos embora. Mas, para nossa grata surpresa, outras empresas visitadas na época são os principais patrocinadores, porque viram que era diferente, que era realmente uma feira voltada para o agro. 

Ceres Cast: A expressão “feirinha do interior” mexeu com vocês?

Schroeder: Com certeza, mexeu com nosso brio. Claro, fomos em busca de outros patrocinadores. Você tem que mostrar que tem qualidade, que tem propósito.

Ceres Cast: O que mais lhe dá felicidade ao pensar nessa trajetória de 25 anos?

Schroeder: Acima de tudo quero ressaltar a Casa do Produtor, local que existe especialmente para a Família Cotrijal. Foi uma conquista. Percebíamos que o associado da Cotrijal vinha para a feira e chegava uma certa hora do dia ele estava cansado e não tinha para onde ir. Como o associado é o dono da feira, era necessário ter um local para recebê-lo. Resolvemos fazer um lugar melhor para ele, que hoje é a Casa da Família Cotrijal, tem água, chimarrão, local de acolhimento. Esse é um grande diferencial e que valoriza o associado.